CAPELA MAGDALENA (RJ) – MAR 2024

Em 07/03/2024, fizemos uma visita ao Sítio São Pedro de Guaratiba, também conhecido como Capela Magdalena, num Rio de Janeiro que sempre oferece oportunidade de nos surpreender. Estrada do Mato Alto, 6024 – Guaratiba – RJ / www.capelamagdalena.com

Começa com uma audição de música do período barroco, num magnífico cravo, cópia fiel de um instrumento do século XVIII, vestido ao rigor da época; segue com um lugar à mesa, com os sabores do Chef Ronaldo Ribeiro, tudo regado a bons vinhos. Por fim, após a sobremesa, café e licor, é a vez da visão surpreendente de um museu com inúmeras maquetes feitas pelo cravista, Roberto de Regina. A casa é ricamente revestida de pinturas também feitas pelo cravista, que sua história garante ter uma energia, disposição e dinamismo incríveis.

Naquela oportunidade, a Academia Brasileira de Belas Artes se fez presente para conferir ao Maestro Roberto de Regina o ingresso no seu Corpo Acadêmico na Categoria de Honoris Causa.

O Museu Ronaldo J. Ribeiro abriga cerca de 500 peças em escala de tudo que o homem inventou desde Leonardo da Vinci para se locomover por terra, mar e ar. E tudo que construiu ao longo dos séculos e que nos maravilham, como imponentes castelos e magníficas catedrais das mais variadas partes do mundo, construídas em papel, que desfilam majestosas diante dos nossos olhos em réplicas de absoluta fidelidade aos originais.

“Hoje, é isso que se fala de mim: Cravista que dá concertos semanais em seu retiro em Guaratiba na Capela Magdalena, que foi construída e toda coberta de pinturas executadas por ele. O cravo em que toca, um grande cravo francês, é também de sua construção. Depois de sofisticado jantar a luz de velas, conduz seus convidados para uma visita guiada a um incrível museu cheio de movimento onde se faz uma viagem por todo o mundo e se aprecia a evolução da tecnologia dos transportes. O museu tem acervo que exibe cerca de 500 peças, resultado de modelismo em cartão, também, obras dele.” (página 14)

“Hoje sou conhecido como cravista e regente, mas, antes do meu encontro com o cravo, fui pianista. Nunca, porém, dei um recital de piano. Tocava muito em casas de amigos ou onde quer que encontrasse um instrumento. Meu repertório que preparava sozinho era certamente o de um pianista que bem poderia se apresentar em público. Tocava muito Bach (prelúdios e fugas, concertos para cravo solo ou Concerto Italiano); sonatas de Scarlatti, de Mozart e de Beethoven. Havia também Chopin, Debussy e sonata de Bach para violino e piano, originalmente sonatas para cravo concertante e violino solo. Era um repertório meio secreto de um estudante universitário de medicina – que, nas horas vagas, tocava piano. Eu era assíduo frequentador dos concertos para juventude, que aconteciam todos os domingos no Cine Rex na Rua Álvaro Alvim, regido pelo famoso maestro Eugen Zenkar. Ouvia muita gravação e tinha, já, uma boa discoteca. Quando ouvia os discos, pensava na possibilidade de um dia ter um disco gravado por mim. Mas isto estava catalogado na categoria numerosa dos sonhos impossíveis, absolutamente irrealizáveis. Assim eu pensava!” (página 49)

“Sempre afirmei que fazia música nas horas vagas. Pois bem, depois que me aposentei nunca mais tive uma hora vaga! Puxavam-se de um lado a música e de outro a construção de cravos. Havia ainda um febril ‘hobby’, o modelismo (em plástico, cartão, madeira e outros materiais), que, hoje, constitui o acervo do meu museu com mais de quinhentas peças!” (página 51)

“É uma atividade artístico/artesanal que existe há alguns séculos. Envolve desenhistas, pintores, arquitetos, fotógrafos e uma elaborada arte gráfica. O resultado final é a construção de modelos e maquetes extremamente acuradas. Não existe no mundo inteiro monumento, edifício, veículo ou máquina de qualquer natureza ou época que não tenham se convertido em modelos em escada de grande realismo, beleza, importância didática e educativa. Desde criança me vi atraído por essa arte. É claro que a habilidade e a extrema paciência que são exigidas do modelismo crescem e se desenvolvem com o tempo, desde que haja uma constante prática. Muitos se tornam profissionais dessa atividade. Lembro-me do primeiro modelo que montei ainda criança, levando horas seguidas de trabalho. Era a maquete da igreja de Santa Ifigênia, em São Paulo. Foi publicada por uma importante editora local. Em seu catálogo figurava vários outros modelos, um farol, uma caravela e outros mais. Não tinham muita fidelidade aos originais e eram fáceis de montar.” (página 119)

Ao final, ainda pudemos comprar o livro Roberto de Regina Vida e Obra ou Memórias de um Sargento de Malícias, a palavra é Malícias mesmo, em que ele nos conta a sua própria história nas carreiras médica, na música, na pintura, na construção de cravos, no artesanato e no modelismo, as várias facetas de um mesmo homem no auge dos seus 97 anos.

“Quando ainda dividia seu tempo entre músico e médico anestesista, gostava de dizer que tinha duas grandes preocupações, uma, que o seu público dormisse nos concertos, outra, que acordassem no meio da anestesia.” (página 8)

Um programa inimaginável  que Cavalieri Marketing, Produções & Eventos nos proporcionou, como tantos outros. Obrigado Lenora Cavalieri (21) 99325-4687.