“A verdadeira viagem,
ou as verdadeiras descobertas,
não consistem em encontrar novas paisagens,

 

mas sim em arranjar novos olhos.”
(Marcel Proust)

 

QUESTÃO DE FÉ

 

Santiago de Compostela recebe peregrinos
desde a Reconquista Cristã da Península Ibérica.

 

Pela Ibéria voamos para Madri em 01/05/2010, saindo do Rio de Janeiro às 19:25 horas, chegando às 10:15 horas do dia 02/05/2010, de onde seguimos, também pela Ibéria, no vôo das 11:45 horas, para Santiago de Compostela, aterrisando às 12:55 horas.
A cidade de Santiago de Compostela fica a 600 km de Madri.
O Aeroporto de Santiago de Compostela (SCQ), Aeroporto Internacional de Labacolla, um dos menores aeroportos da Espanha, fica a 10 km do centro da cidade, que pode ser acessada pelo ônibus da Empresa Freire, linha Aeroporto – Santiago, cujo terminal, Avenida de Rodriguez de Viguri, dá fácil acesso à Avenida de Lugo.
O hotel escolhido por nós foi o HUSA Ciudad de Compostela***, na Avenida de Lugo, 213 , a apenas 10 minutos a pé do centro histórico da cidade pela Rúa de San Pedro, última parte francesa do Caminho de Santiago e que ao longo dos séculos e, ainda hoje, é a entrada natural dos peregrinos a Santiago.

http://www.husa.es/

 

http://www.hotelhusaciudaddecompostela.com/

 

Também localizado a 5 minutos da zona de lazer e de compras da cidade, conhecida como as Fontiñas.
Saindo do hotel, a Rúa de San Pedro é acessada por uma escalera de 75 degraus, a Rúa de Triacastela.
A Galiza (em galego, Galiza ou Galicia; em castelhano, Galicia) é uma comunidade autônoma, situada no noroeste da Espanha, limitando-se ao norte com o Mar Cantábrico, ao sul com Portugal, a oeste com o Oceano Atlântico e a leste com o Principado das Astúrias e Castela & Leão.
É formada pelas províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra e, além desta divisão provincial, também subdivide-se em comarcas e conselhos.
As línguas oficiais são o galego e o castelhano.
Santiago de Compostela é a capital da região da Galiza e fica na província da Corunha (em galego A Coruña; em castelhano La Coruña).
É uma cidade mundialmente famosa pelos peregrinos que fazem os Caminhos de Santiago de Compostela.
Nome composto: São Tiago, o Apóstolo + Compostela, que deriva de “Campus Stellae”, “Campo de Estrelas” ou de “Composita Tella”, terras bem ajeitadas, eufemismo de cemitério.
Reza a lenda que no ano 814 um eremita de nome Pelayo, de San Fins de Soloivo, estando no local onde hoje está a cidade, viu luzes e sinais no céu e seguindo estes sinais encontrou o túmulo e os restos mortais de São Tiago e de seus dois discípulos, Atanasio e Teodoro.
Relatado o sucedido ao Bispo Teodomiro, de Tria Flavia, localidade a 20 km, o bispo mudou a sede do bispado para Compostela, informando, ainda, ao Rei Alfonso II, O Casto, das Astúrias, o ocorrido. O rei, necessitando de coesão interna e de apoio externo para seu reino, fez uma peregrinação ao lugar, num momento em que a importância de Roma decaíra e que Jerusalém não era acessível por estar em poder dos muçulmanos. Chegando ao lugar, ordenou a construção da primeira capela de Santiago de Compostela para proteção do apóstolo e para que o recordassem.
Em 872, época do Rei Alfonso III, começou a construção da basílica de pedra, consagrada em 899, que substituiu a pequena igreja.
Pouco a pouco, a cidade foi se desenvolvendo. Após nela se estabelecer uma comunidade eclesiástica permanente, formada pelo Bispo de Tria e pelos monges de San Paio de Antealtares, a população foi aumentando, à medida que se desenvolvia a peregrinação por razões religiosas, reforçada pelo privilégio concedido por Ordonho II, no ano 915, segundo o qual aquele que permanecesse 40 dias sem ser reclamado como servo passaria a ser considerado um homem livre com direito a residir em Compostela.
Um pouco antes do ano de 968, o Bispo Sisnando II reconstruiu com maior solidez a primitiva cerca “del Locus Sanctus”, com a finalidade de proteger a cidade dos ataques vikings.
Contudo, a cidade acabou invadida e destruída no ano 997, tão somente tendo sido respeitada a sepultura do apóstolo.
Na reconstrução, o Bispo Cresconio, em meados do século XI (1037-1068), dotou a cidade de um cinto de fossas e uma muralha com sete portas de acesso: “a do Camiño”; “Algalia”; “San Francisco”; “Trindade”; “Faxeira”; “Mámoa” e “Mazarelas”, correspondendo a todos os itinerários de chegada dos peregrinos a Santiago de Compostela:
. Porta del Camiño – peregrinos franceses;
. Porta de Algalia, também conhecida como da Pena ou de Atalaya, conectada com A Coruña, um dos pontos de desembarque da rota marítima – peregrinos britânicos da Idade Média;
. Porta de San Francisco, também conhecida como Porta de Subfrativus;
. Porta de Trindad, que conduzia a “Finis Terrae”, também conhecida como do Santo Peregrino;
. Porta da Mámoa, também denominada de Porta Sussanis e
. Porta Faxeira, um dos acessos utilizados pelos peregrinos portugueses,
. bem como a Porta de Mazarelas, única sobrevivente até os dias atuais.
O trabalho de Cresconio se completou com a construção de torres em frente à fachada ocidental da igreja compostelana e de outras conhecidas como Torres de Honesto ou de Oeste, situadas na desembocadura do Rio Ulla.
No ano 1075 teve início a construção da catedral românica, iniciativa do Bispo Diego Páez e do Rei Alfonso VI de Castela & Leão. Concluída durante o episcopado de Diego Gelmírez (1101-1140), refletiu, de imediato, no aumento da peregrinação à Compostela, definindo-a como lugar de referência religiosa na Europa.
O primeiro que se edificou foram as Capelas do Salvador, de São Pedro e São João. Em 1105, Gelmírez consagrou as capelas de São João Batista, São Martinho e da Santa Cruz. Em 1112 concluiram-se os trabalhos dos braços do cruzeiro. Em 1117 uma revolta dos burgueses da cidade contra Gelmírez afetou a catedral. Em 1140 foram concluídos seis trechos das naves maiores, sendo que o restante dos trechos foram concluídos em 1160, quando, então, a construção permaneceu paralisada até 1168, concluindo-se o Pórtico da Glória e ocorrendo a consagração em 1211.
Entre os séculos XII e XIII foi se artilhando a rede de ruas dentro do recinto amuralhado.
Em meados do século XIV, diversos fatores, entre eles as cismas internas da Igreja e as pestes, fizeram com que o caminho, que recebia até mil pessoas por dia em peregrinação na Idade Média, entrasse em declínio.
Após a Peste Negra e a forte recessão demográfica que se seguiu, a partir de 1380 a cidade recuperou a população e no século XV tinha entre 4 e 5 mil habitantes.
A fundação da Universidade (Plaza de Mazarelos), no século XV, em 1495, foi mais um ponto de atração à cidade.
A religião, o ensino, o artesanato e o comércio foram durante séculos os pilares da vida e da economia compostelana.
O estabelecimento da autonomia da Galiza representou novo estímulo no final do século XX, compensando de certa forma a redução de sua importância como cidade universitária, a partir da criação das universidades de Vigo e Corunha.
Em 1987, o conjunto de itinerários compostelanos foi declarado pelo Conselho da Europa o primeiro “Itinerário Cultural Europeu”.
A Catedral de Compostela foi declarada em 1985 Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Em 1993 o Caminho de Santiago de Compostela foi considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

E a Catedral de Compostela, Praça do Obradoiro* s/nº, foi exatamente a 1ª visita que fizemos e à qual retornamos praticamente todos os dias.

* As estreitas ruas medievais conservam os nomes das corporações de ofícios dominantes em cada uma delas. Obradoiro, por exemplo, em galego medieval, significa oficina e decorre de ter sido o lugar onde os artesãos da pedra trabalharam na construção da Catedral.

http://www.catedraldesantiago.es/

Ao seu redor foram construídas várias belas praças: Praça do Obradoiro, Praça da Imaculada, Praça das Pratarias e Praça da Quintana.

 

Entrada pela Praça das Pratarias e saídas pela Praça do Obradoiro e pela Praça da Imaculada.

A fachada das Pratarias deve seu nome às oficinas de prata que existiam no lugar.

A fachada principal, chamada do Obradoiro, foi talhada por pedreiros em princípios do século XVIII. Sua superfície alcança 23 mil m².

A “Puerta Santa” ou “Puerta del Perdón” foi construída, ou aberta, no século XVII na velha parede românica de forma a criar um acesso direto desde a praça até a cripta. É como um painel de pedra que recebe o peregrino. A presidir o conjunto está a imagem de Santiago e dos seus dois discípulos, Atanasio e Teodoro, com roupas de peregrino.

 

A porta é também chamada popularmente “Puerta de los veintsiete sabios”, que são São Santiago, seus discípulos e quatro anciães do Apocalipse.

A Porta Santa apenas se abre durante o Ano Santo, na tarde do dia 31 de dezembro, quando uma procissão religiosa conduzida pelo Arcebispo, autoridades políticas e, às vezes, o Rei aproximam-se da porta e pedem ao Apóstolo licença para entrar.

O ritual consiste em bater à porta com um grande martelo de prata, que permanece no tesouro da Catedral, três vezes, perguntando:

– “Podem os pecadores entrar na Casa de Deus ?”

 

A velha porta não era na realidade uma porta, mas, sim, uma parede de pedras, que bloqueava o acesso e que era demolida todos os Anos Santos. A atual porta, feita de bronze, foi ofertada por um grupo de empresários e negociantes de Compostela.

Na cripta, sob o altar, encontra-se o túmulo do Apóstolo Santiago.

Uma escada permite passar por trás desta imagem de Santiago e tocá-la, o que tivemos oportunidade de fazer.

Ainda no interior da Catedral, o Botafumeiro (Turibulum Magnum), grande incensário de latão, banhado em prata, com 1,60 m de altura e 80 kg, pendurado por uma corda de 30 m de comprimento, atada ao Cruzeiro da Catedral.

O maior incensário do mundo, criado pelo ourives Xosé Losada, em 1851, ocasionalmente agitado por oito homens, os tiraboleiros, até quase tocar o teto da Catedral, o que nos anos santos acontece diariamente, servia para purificar o ar do templo já que os peregrinos dormiam e faziam suas necessidades dentro dele.

Para vê-lo em ação é preciso estar na missa do meio-dia dos domingos, chamada “Missa do Peregrino”.

“Así como el humo del incienso sube hacia lo más alto de las naves del templo,

así también las oraciones de los peregrinos deben alarse hacia el corazón de Dios.

Y así como el aroma del incienso perfuma toda la basílica compostelana,

de igual modo el cristiano,

com sus virtudes y el testimonio de su vida,

debe impregnar del buen olor de Cristo,

la sociedad em la que vive.”

Após esta, que foi a nossa primeira visita à Catedral, almoçamos no Cre-Cottê, restaurante e creperie, na Plaza da Quintana 1, onde aguardamos para retornar à Catedral para participar da missa das 18 horas, uma experiência de máxima emoção.

 

http://www.crecotte.com/

O Ano Santo Compostelano

ou

 

Ano Xacobeo

O Papa Calixto II, em 1119, concedeu à Catedral de Santiago de Compostela o privilégio do Jubileu Pleníssimo ou Ano Jubilar, mais conhecido como Ano Santo.

Retificado pelo Papa Alexandre III (1159-1181), por meio da Bula “Regis Aeterni”, em 1179.

Isto significa que o peregrino que caminhar a Santiago de Compostela durante um ano decretado como Ano Santo terá seus pecados perdoados (indulgência plenária).

Além de conceder o Jubileu, o Papa decretou a Peregrinação à Compostela como uma das chamadas peregrinações maiores, juntamente com as de Roma e de Jerusalém, cujos peregrinos eram chamados romeiros e palmeiros, respectivamente.

O primeiro Ano Santo, no qual foi dado o perdão aos peregrinos de Compostela, foi o de 1182.

Em 1884, León XIII promulgou a Bula “Deus Omnipotens”, confirmando a autenticidade das relíquias do Apóstolo Santiago e exortando a peregrinação a Santiago de Compostela.

No Ano Santo de 1982, o Papa João Paulo II terminou em Santiago de Compostela sua visita apostólica à Espanha, se referindo à Catedral Basílica como:

“uno de los lugares más célebres de la história … que encierra la tumba de Santiago, el Apóstol que según la tradición fue el evangelizador de España …”

É considerado Ano Santo Compostelano todo ano em que o dia 25 de julho, dia do martírio de São Tiago (Santiago Maior), cair em um domingo, o que acontece em intervalos de 11, 6 ou 5 anos.

 

2010 foi um Ano Santo, cuja celebração religiosa teve início na tarde do dia 31/12/2009 e terminou em 31/12/2010, determinante para a inclusão de Santiago de Compostela no nosso roteiro de 2010.

O próximo Ano Santo em Santiago de Compostela só acontecerá em 2021.

As cerimônias que assinalam o início e o fim desta celebração são a abertura e o fechameto da Porta Santa*, situada na cabeceira da Catedral Compostelana.

* A idéia da porta fechada e aberta por ocasião do Jubileu teve inspiração na antiga disciplina cristã que proibia os pecadores públicos de entrar na Igreja, enquanto não terminasse o tempo estabelecido para suas penitências. A cerimônia de abertura é rica de símbolos e cheia de significados. Para abrir a porta, normalmente reforçada internamente por um muro, não se usa chave, mas um martelo. As pancadas que o ritual prevê são dadas diretamente pelo Papa, que chama atenção para uma porta difícil de desmoronar. De fato a justiça e misericórdia, tão próprias do Ano Santo, só se pode conquistar com a oração persistente e a conversão. “Esta é a porta do Senhor”, proclama o Papa, ao que os fiéis respondem “por ela entrarão os justos”.

As exigências formais da Igreja para ganhar o Jubileu são muito simples: visitar a Catedral de Santiago de Compostela, mais precisamente o Túmulo do Apóstolo, rezar uma oração por intenção do Papa. Confessar-se e comungar no mesmo dia, ou 15 dias antes, ou 15 dias depois, o que poderá ser cumprido em qualquer lugar e não obrigatoriamente na Catedral Compostelana, que cumprimos na íntegra, sendo que a confissão cumprimos em Roma, no Vaticano, na Basílica de São Pedro.

 

Antes do retorno ao hotel, passamos na Farmácia e Perfumaria R. Bescansa, Prolongaci Toural, 11. Fundada em 1843, tem um lindíssimo teto de madeira´, sendo o único local da cidade em que se vende o “Musgo de Compostela”, um perfume típico.

 

 

. dia 03/05/2010

 

Começamos o dia apreciando o Mosteiro e Igreja de San Martín Pinario*, fundado por um grupo de monges beneditinos italianos, Praça da Inmaculada s/nº.

2º maior Mosteiro da Espanha, sua porta está enquadrada por 4 colunas com a imagem de São Bento no centro.

A estrutura superior apresenta o escudo da Espanha e uma imagem de São Martinho de Tours à cavalo, partilhando sua capa com um pobre, que representa o Cristo.

Atualmente, o edifício acolhe o Museo Diocesano; uma residência para estudantes; ocasionalmente um hotel, de junho a setembro; a sede do Seminário Maior Compostelano e da Escola de Teologia.

* O nome Pignario vem dos pinheiros que havia no lugar onde fundaram sua primeira capela, no século XI.

Ainda no Mosteiro, a Galicia Dixital, onde cenários virtuais permitem um fascinante passeio por Compostela, Galiza e Camiño, imperdível, sendo necessário agendar horário.

 

www.galiciadixital.xunta.es

 

Na parte de trás do Mosteiro, a Igreja de São Martinho dos Pinheiros ou San Martin Pinário.

Na Praça do Obradoiro, de um dos lados o Hostal de los Reyes Catolicos, um hotel 5 estrelas, no prédio onde funcionava um hospital para os peregrinos.

Acompanhando o hotel, a rua vai descendo e nela a Iglesia de San Fructuoso.

Ainda na Praça do Obradoiro, em frente à Catedral, o Pazo de Raxoi, século XVIII, construído para funcionar como seminário de confessores, atualmente abrigando a Sede do Conselho (Câmara Municipal de Santiago de Compostela) e a Presidência da Junta da Galiza.

 

Do outro lado da Praça do Obradoiro, o Palácio de San Jerónimo, também conhecido como Estudio Viejo, construído no século XII, por ordem do Arcebispo Fonseca. Originalmente, situava-se próximo ao Convento de San Martin Pinario, como residência para pobres, mas durante a expansão do Mosteiro de San Martin, os monges beneditinos compraram-no e expulsaram os estudantes, com a intenção de dedicá-lo ao culto e a oração. O novo edifício foi, então, construído na Praça Obradoiro, no século XV, sendo, atualmente residência do Reitorado da Universidade. Formando, ainda, parte do mesmo conjunto o Paço de Fonseca, Colexio de Fonseca (Biblioteca Geral da Universidade).

Almoçamos de novo no Cre-Cottê, simples, agradável, saboroso.

Praça da Quintana dividida por uma grande escadaria em Quintana de Vivos (plano superior) e Quintana de Mortos (plano inferior), lugar de enterramentos até 1780, com um número inacreditável de nichos para crianças. Limitada entre a Catedral; a Casa da Parra ou da Parreira; Mosteiro e Igreja de São Paio de Antealtares; a Casa da Conga ou dos Cónegos (Colexio Oficial Arquitectos Galicia) e o Banco de España.

Em Santiago de Compostela há, atualmente, 5 conventos de clausura, um deles o Mosteiro de Clausura de San Paio de Antealtares, Antealtares, 23, entrada pela Via Sacra, 5. Monasterio de San Pelayo de Ante-Altares (Monjas Bnedictinas)

 

Fundado no século IX, por volta do ano 830, pelo Rei D. Alfonso II, O Casto, na parte oriental do então recentemente aparecido sepulcro do Apóstolo Santiago, daí o nome “Antealtares”, com a missão de apoiar os eremitas que guardavam os restos mortais do apóstolo e seus discípulos.

Com sua parede quase infinita e suas 48 janelas gradeadas, foi habitado, inicialmente, por 12 monges beneditinos, encarregados de cuidar e dar culto ao santo.

Em 1499, passou a ser ocupado pelas monjas beneditinas de clausura.

O Mosteiro foi dedicado a São Paio (Pelágio), santo galego do século X, que, sendo criança, foi degolado em Córdova pelos muçulmanos e cuja imagem preside a fachada do templo.

Na fachada oposta à Praça da Quintana está a portaria (Via Sacra) e no ângulo a chamada “Porta dos Carros” ou da “Borriquita”, nela estando representado o capítulo bíblico da Fuga do Egito, com a Virgem Maria em cima de um burro.

No Museo de Arte Sacro do Monasterio de San Pelayo de Ante-Altares, inaugurado em 1873, entre imagens e objetos litúrgicos, o altar primitivo que acompanhava o sarcófago do Apóstolo.

 

Na Igreja do Monastério um retábulo “Os Três Divinos Peregrinos”, do século XVII, Jesus, Maria e José.

 

No Museus do Monastério, uma imagem do Menino Jesus em traje de peregrino a Santiago, do século XVIII.

 

Igreja e Museu das 10:30 às 13:30 horas e das 16 às 19 horas, sendo que o museu fecha aos domingos.

Ao redor da Basílica do Apóstolo erigiram-se, a partir da Idade Média, conventos e mosteiros das principais ordens religiosas do Ocidente: beneditinos, franciscanos, dominicanos, clarissas, carmelitas, jesuítas, agostinhos, mercedários e outras.

 

As ordens religiosas são grupos de pessoas unidas por uma regra de convivência, estabelecida pelo seu fundador, tendo em comum a missão de dedicar a vida a Deus, quer de forma ativa ou contemplativa.

Convento deriva do latim “conventus”, reunião. Ainda que se use como sinônimo de mosteiro, o termo refere-se especialmente ao edifício onde moram freiras e monges de uma ordem conventual ou mendicante e não de uma ordem monástica.

A palavra mosteiro deriva da raiz “monos”, uma só, designando a casa de religiosos cuja ordem, em busca de isolamento, procurava instalar-se normalmente fora das povoações.

 

Claustro, do latim “claudere”, fechar, é a galeira que fecha o pátio interior de uma igreja, convento ou mosteiro, sustentado por colunas ou pilares. É o centro da vida, onde os religiosos meditam e passeiam. Costuma ter um jardim e fonte e pode ter mais de um. A seu redor estão a igreja, a sala capitular (para reuniões da comunidade e leitura dos capítulos da regra da ordem), a sala de jantar, além da biblioteca, celas (quartos), horta e, conforme a ordem, também a hospedaria para atender os peregrinos e outros hóspedes.

A palavra clausura está relacionada com “claustro”. Expressa a obrigação que tem os religiosos de não sair do recinto e a proibição dos seculares entrarem nele, ou seja, não havendo interferências indevidas de pessoas ou coisas, a clausura cria um espaço de perfeição, silêncio, de disponibilidade absoluta para Deus e para rezar pelo mundo.

Encarregadas maioritariamente da custódia do sepulcro e do cuidado e hospedagem dos peregrinos, estas ordens tinham um papel fundamental: salvar o mundo através da oração.

Algumas ordens femininas fabricam deliciosos doces, autênticas delícias conventuais, que não se pode deixar de degustar.

Museo de la Catedral de Santiago, fundado em 1930, expõe diversas obras artísticas e arqueológicas, desde a época romana até a atualidade e abrange diversos espaços.

O museu tem três acessos a distintas dependências da Catedral.

No 2º andar, destacamos as seguintes imagens que, lamentavelmente, não pudemos fotografar, apenas apreciar:

. Anunciación – Mestre Pero – 1ª metade do século XIV

. San Miguel Pesando Las Almas – anônimo – século XV

. Inmaculada (Nossa Senhora com cabelos longos) – atribuída a Pedro Taboada – 2ª metade século XVII

. San Francisco de Asís Recibe Los Estigmas – Gregorio Español – 1594-1596

No 3º andar: Claustro, Tesoro – Capilla de Reliquias – Panteón de Reyes, Biblioteca, Sala Capitular

No 4º andar: Tapestry rooms (exposição de tapetes)

Colexio de Fonseca – Universidade de Santiago de Compostela (USC), Praza de Fonseca s/nº, com um belíssimo pátio interno.

 

Igreja de Santa Maria Salomé, século XII, única igreja espanhola dedicada à mãe do Apóstolo Santiago e São João Evangelista. Estátuas da Virgem em estado de gestação e o anjo da Anunciação do século XV. Rua Nova, 31

Ainda na Rua Nova do lado ímpar: o Pazo de Santa Cruz e o Teatro Principal.

Do outro lado da rua: Colexio dos Irlandeses, Salón Teatro, Galeria Sargadelos, Casa das Pomas, Casa da Balconada (Serviços Administrativos da Universidade).

Igreja de las Animas (Igreja das Almas), em cuja fachada encontra-se gravada em terracota uma cena da oração pelas almas dos condenados ou dos que estão no purgatório, razão pela qual, diz a tradição, os peregrinos aí paravam e rezavam seis Pais Nossos para salvar a alma de um dos seus entes queridos.

Próximo o Arquivo Histórico Universitário.

 

No caminho de volta ao hotel, a Igreja de São Pedro.

 

Santiago Maior, também chamado Santiago de Compostela, foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo. Foi feito santo e chamado Santiago Maior para o diferenciar de outros santos de nome Tiago, como o Apóstolo Santiago Menor e, ainda, Santiago, o Justo.

Os nomes Tiago e Jaime derivam indiretamente do latim Iacobus, por sua vez uma latinização do nome hebraico Jacob. Com o decorrer do tempo, o nome evoluiu em diversas direções consoante as línguas: manteve-se Jakob em alemão e outras línguas nórdicas; James em inglês; Jacques em francês. Na própria Espanha há diferenças substanciais: a oriente, tornou-se Jácome, Jaume ou Jaime (todas formas correntes no catalão), mas na faixa ocidental da Ibéria tornou-se simplesmente Iaco ou Iago e assim passou ao português, galego, leonês e castelhano. Santo Iago, na pronúncia corrente, tornou-se Sant’Iago, originando-se a partir daí a corruptela São Tiago. Para além disso, em castelhano, por uma falsa etimologia, Santiago derivou também para San Diego, originando também o nome Diogo.

Segundo o Novo Testamento, Tiago era filho de Zebedeu e Salomé e irmão do Apóstolo São João Evangelista. Nascido em Betsaida, Galiléia, tal como seu pai e irmão, era pescador no Mar da Galiléia, onde trabalhava com André e Simão Pedro. Tiago, Pedro e João foram os primeiros a abandonar tudo para seguir Jesus como seus discípulos e mais próximos colaboradores. Sua última aparição no texto bíblico foi como o primeiro apóstolo a morrer, mandado decapitar por ordem de Herodes Agripa I, Rei da Judéia, cerca do ano 44 d.C. em Jerusalém. O único apóstolo cuja morte está narrada na Bíblia, nos Atos dos Apóstolos 12, 1-2 – “Naquele mesmo tempo o Rei Herodes mandou prender alguns membros da Igreja para os maltratar. Matou à espada Tiago, irmão de João.”

Muitos creem que Santiago tenha visitado a província romana da Hispania para pregar a doutrina cristã, no ano 43 d.C. Na cidade de Saragoça teria presenciado uma aparição de Maria, mãe de Jesus, que ainda vivia. Tal aparição, em cima de um pilar, teria originado o culto a Nossa Senhora do Pilar. Devido ao insucesso em evangelizar os pagãos da Península Ibérica, Tiago teria regressado à Judéia, onde foi martirizado. Os locais que teria passado incluem Braga a Galiza, na Espanha e Guimarães a Rates na Póvoa de Varzim (cidade portuguesa do Distrito do Porto).

Segundo a tradição, seu corpo teria sido transportado para a Espanha e sepultado na Galiza, em Compostela, tornando-se o santo patrono primeiro da Galiza e depois de toda a Espanha.

De acordo com outras tradições, Santiago teria aparecido miraculosamente em vários combates travados na Espanha durante a Reconquista Cristã – Batalha de Clavijo, em 844. Segundo a lenda, o Apóstolo Santiago teria aparecido uma noite ao Rei Don Ramiro de Castela, evitando-lhe uma batalha na primeira fase da reconquista aos árabes, tendo as tropas permanecido escondidas atrás de uma montanha em Clavijo. No sonho, Santiago transmitiu ao Rei que Jesus teria dividido a Terra em várias zonas, atribuídas aos seus discípulos como protegidas e ele teria sido escolhido para defender a Espanha. Além disto, ele teria dito que o Rei sairia vitorioso da contenda e que ele mesmo Santiago lutaria contra os mouros. No dia seguinte, o Rei comunicou seu sonho às tropas, tendo iniciado a batalha com o grito: “Por Santiago e liberta Espanha”. Assim, motivados, ganharam a batalha, vencendo os mouros. A partir de então, Santiago teria recebido o apelido de Matamoros (Mata-Mouros). “Santiago y cierra España” foi desde então o grito de guerra dos exércitos espanhóis, tendo se tornado também protetor do exército português, até a crise 1383-1385, quando seu brado foi substituído pelo de São Jorge.

No contexto da Reconquista, a Ordem Militar de Santiago foi fundada precisamente para combater os muçulmanos e pertencer à Ordem tornou-se uma grande dignidade.

Mais tarde, o escritor Cervantes registrou em Don Quixote de la Mancha, que Santiago Mata-Mouros era um dos mais valorosos santos e cavaleiros que o mundo alguma vez teve; tendo sido dado a Espanha por Deus, como seu patrono e para sua proteção.

Santiago é festejado em 25 de julho nas Igrejas Católica e Luterana, sendo o santo protetor:

. dos cavaleiros, peregrinos, das peregrinações e dos caminhos;

. do exército espanhol;

. dos camionistas, chapeleiros, fabricantes de peles, tanoeiros (aquele que faz ou conserta tinas), farmacêuticos, veterinarios;

. do Chile, Guatemala, Nicarágua, Colômbia, Cuba, México, Peru;

. das macieiras e outras árvores de fruto e contra o reumatismo …

Santiago possui três representações:

. como apóstolo, em pé, descalço, de túnica, segurando a Bíblia;

. como peregrino, sentado ou em pé, usando sandálias, túnica, chapéu, cabaça, manto e

. como a vieira (ornato concoidal, ou seja, semelhante a uma concha, concha de Santiago), com um cajado para auxiliar os peregrinos nas suas difíceis viagens por montes e vales, que se tornou símbolo de Santiago e dos peregrinos.

Por vezes surge como cavaleiro, em um cavalo branco, com uma espada em uma das mãos e um estandarte em outra. A cruz com ponta de adaga tornou-se um de seus símbolos.

Na conquista hispânica nas Américas, a iconografia de mata-mouros foi readaptada, surgindo a figura de Santiago Mata-Índios, que se tornou símbolo da conquista, tanto de corpos quanto de almas.

 

  • dia 04/05/2010

 

Convento de Clausura de Santa Maria de Belvis, Belvis, 2, acessado pela Rua das Trompas, atravessando o Parque de Belvis, uma espécie de fosso natural que o separa da cidade histórica. Tem a seu lado outra das principais instituições religiosas da cidade, o Seminário Menor, onde há um albergue para peregrinos.

Fundado no início do século XIV pelos frades dominicanos do vizinho Convento de Bonaval tem a peculiaridade de possuir dois templos: a igreja conventual e o santuário da popular Virgem do Portal.

No início do século XVIII, o edifício conventual foi reedificado.

Na fachada simples sobressai o brasão do Arcebispo Monroy, mecenas (patrocinador) da construção, e a torre, que serve de união entre a igreja conventual e a Capela da Virgem do Portal (1702), dispostas em ângulo reto.

Na igreja, que apenas pode ser visitada durante o culto dos domingos, o que mais sobressai é a fachada do comungatório, janela através da qual as dominicanas recebem a comunhão.

Quanto à capela, nela sobressai a imagem da Virgem do Portal do século XIII. Sobre o nicho da Virgem está a imagem de São Domingos de Gusmão, fundador da ordem.

O nome da Virgem decorre de uma imagem que teria aparecido durante as obras de fundação do convento no século XIV e que fora colocada inicialmente na portaria. No século XVII, as monjas quiseram mudar a imagem de local em várias oportunidades, mas, misteriosamente, a imagem voltava para a portaria, pelo que se decidiu fazer no local um pequeno santuário. A Virgem começou a fazer milagres e sua fama foi aumentando, sendo invocada para todo tipo de enfermidade e também para o êxito nos exames.

Su festa é celebrada em 8 de setembro.

Cofradia de Nuestra Señora del Portal

Mes de María

 

Oh ! Santísima Virgen María,

 

Madre de Dios y Madre nuestra !

Siempre te amamos,

Siempre te invocamos,

Siempre nos consagramos a tí.

Pero especialmente en este mes de las flores,

que los cristianos dedican a tu amor.

Convento de Clausura de Nossa Senhora das Mercês, Trânsito da Mercê, 1. Convento das irmãs mercedárias, fundado na 2ª metade do século XVII, situado extramuros, em frente à Porta de Mazarelos, única que se conserva da antiga muralha.

Na igreja, como em todos os conventos de clausura, sobressaem os gradeamentos que ocultam os dois coros, o alto, de uso mais solene, e o baixo, para o culto ordinário, de onde as mercedárias participam dos ofícios litúrgicos. Nos retábulos do cruzeiro (onde se cruza a nave maior de uma igreja e a que a atravessa) aparecem a Virgem das Mêrces com São Pedro Nolasco no momento em que Maria o inspira a criar a ordem e do próprio fundador, auxiliando cativos, enquanto nos adornos circulares superiores está representada a imposição do hábito ao fundador e a São Ramón Nonato, um dos mais famosos santos mercedários, torturado durante seu cativeiro.

Porta de Mazarelos

Praça de Mazarelos, de um lado a Xunta de Galicia, de outro a Faculdade de Filososfia.

Junto, a Igreja da Universidade, construída em 1670 para os jesuítas e que passou às mãos da Universidade em 1769.

Na Praça da Universidade a Faculdade de Geografia e História.

Palácio de Gelmírez e as Cubiertas de la Catedral:

Palácio de Gelmírez, construído no século XII, em 1120, unido à Catedral, mandado construir pelo Arcebispo Gelmírez para substituir a antiga residência episcopal, que tinha sido atacada e destruída no decorrer das revoltas populares que tiveram lugar à época. Desde então, tem sido a residência do Arcebispo ao longo de muitos séculos.

E é por dentro deste Palácio que tem início a visita guiada, previamente agendada, ao telhado de pedras escalonadas da Catedral.

A visita tem como ponto de partida a Sala de Armas. Desta sobe-se ao 2º piso, onde se pode ver uma antiga e preservada cozinha de origem românica, única na Península Ibérica a datar desta época. E deste para o 3º piso, para o Salão de Cerimônias, de todo tipo, políticas, religiosas ou sociais, com cenas de um banquete medieval e com acesso direto ao interior da Catedral.

A partir daí, sobe-se até o telhado, à 30 metros de altura, com excelente vista panorâmica da cidade e arredores.

 

Na Cruz dos Farrapos, sobre o telhado, se realizava o rito de queimar a roupa velha, como que pondo fim ao homem velho e pecador, nascendo, então, um homem novo e sem pecados, mas, antes de tudo, era, na verdade, um ritual de higiene, decorrente do trauma provocado pela peste.

 

“Quien por arriba va … aunque suba triste

se anima y alegra al ver la espléndida belleza de este templo.”

(Padre Aymerie Picaud, primeira obra escrita por ele, por volta de 1135,

após peregrinar a cavalo a Santiago de Compostela, sob o título “Liber Sancti Jacobi”,

que, contudo, por ter sido dedicada ao Papa Calixto II,

passou a ser denominada “Códice Calixtino”).

Momento para um passeio de trem turístico pela cidade (Trans. Mosquera) e simultâneamente, cá entre nós, dar um descanso aos pés.

Logo após este passeio, almoçamos mais uma vez no Cre-Cottê.

Iglesia y Museo de San Martín Pinario, na parte de trás do Mosteiro, não abre às 2as. feiras.

http://www.museosanmartinpinario.com/

El Pórtico de la Gloria, visita previamente agendada.

O Pórtico da Glória consiste em três plantas superpostas:

. a cripta, que simboliza o mundo terreno;

. o pórtico, porta de entrada ocidental à Catedral, que permaneceu aberta ao exterior durante a Idade Média, representando a Jerusalém Celeste, “La Jerusalem descendida del cielo, que no tienes puertas porque nunca se cierra.” e

 

. a tribuna, na qual as rosáceas possibilitam que esteja iluminada o dia todo, representando a elevação do humano ao divino.

O Pórtico da Glória está constituído por três arcos:

o central é o maior, representa Cristo em Majestade com as mãos mostrando as chagas, rodeado pelas imagens dos evangelistas e pelo anjos, que levam os instrumentos da paixão de Jesus.

Na arquivolta, sentados, os 24 anciãos do Apocalipse, cada um com um instrumento musical ou taça.

No arco esquerdo, os justos, que aguardam a chegada do Salvador e no da direita o Julgamento Final.

Nos ângulos figuram os quatro anjos do Apocalipse.

Num total de 200 figuras.

No Pórtico da Glória, colocar a mão e dizer: “Senhor, eu creio.”

Atrás desta coluna está uma pequena estátua de Mestre Mateo, construtor do Pórtico, diz-se que quem bater a testa na cabeça dessa escultura terá hiperativadas as suas faculdades mentais. Portanto, por via das dúvidas, não hesite.

Segundo a Arquidiocese de Santiago, em 2008, cerca de 125 mil peregrinos vieram de mais de 100 países, de todos os continentes, sendo os brasileiros os 11º do ranking.

Santiago de Compostela, uma das cidades medievais mais charmosas da Espanha, alberga 46 igrejas, 114 campanários, 288 altares e 36 congregações.

A “Puerta del Camiño” (Porta do Caminho) era a principal entrada da parte medieval da cidade, que tinha, então, sete portas de entrada. Apesar da muralha que cercava a cidade ter sido destruída no século XIX, a configuração da cidade antiga, nomes dos lugares e das portas permaneceram.

Próximo ao local em que se encontrava a “Puerta del Camino”, hoje só uma referência, na Rua de San Pedro, uma Cruz de Bonaval, de pedra, típica na Galiza, cuja principal função era de assinalar um cruzamento de caminhos, como que um antigo sinal de trânsito e que foi construída no século XIV e na qual estão gravadas cenas do caminho de Cristo até a cruz.

Outra função, esta mais popular, era proteger as pessoas surpreendidas pela Santa Compaña.

A Santa Compaña é uma lenda muito conhecida na Galiza, segundo a qual uma procissão de defuntos caminha durante a noite, penitenciando-se dos seus pecados e procurando almas para se unirem a elas. Deste modo, se alguém encontra a Santa Compaña, os cruzeiros assumiriam a missão de protegê-la; por se tratar de um terreno sagrado, a Santa Compaña não poderia levar a alma desta pessoa com eles.

 

Há uma lenda associada a este lugar: Jean Touron teria sido condenado à morte por um assassinato que não cometera, quando a caminho do patíbulo para morrer, teria passado por este lugar e ao ver a Virgem Maria teria dito em galego antigo “Vem et me val” (Vem e salva-me). A Virgem teria escutado a prece de Jean e enchendo-se de compaixão o teria ajudado. Jean teria morrido naquele mesmo instante, sem sofrer, o que teria sido interpretado como um milagre e Jean teria, em consequência deste fato, recebido o título de Homem Santo.

  • dia 05/05/2010

 

Convento e Igreja de São Domingos de Bonaval, à Rua de San Domingos de Bonaval, s/nº.

Antigo convento dominicano do século XIII, extramuros, na aba do monte da Almáciga, perto da Porta do Camiño, no Parque de San Domingos de Bonaval.

 

A horta conventual e o cemitério anexo transformaram-se, em finais do século XX, neste amplo parque público.

Fundado por Santo Domingo de Guzmán, que peregrinou a Santiago em 1219.

Em 1841 passou a abrigar um hospício ainda ocupava a parte norte, sendo que a sul acolhia um colégio de surdos-mudos e cegos. Posteriormente, passou muito tempo desocupado, até que uma parte de suas dependências foi destinada a ser Museu Municipal (1963).

Em 1997, foi cedido para o Museu do Povo Galego.

http://www.museodopobo.es/

Na fachada principal o escudo dos condes de Altamira com coroa real, patronos do convento, e a imagem do santo fundador.

A igreja não se encontra aberta ao culto e abriga o Panteón de Gallegos Ilustres, criado por voto popular para abrigar os restos mortais de personalidades galegas de extrema importância na cultura e história galegas: a poetisa Rosalía de Castro, o político Alfredo Brañas, o escultor Francisco Asorey, o poeta Ramón Cabanillas, o geógrafo Domingo Fontán, o artista e político Alfonso Daniel Rodríguez Castelao, entre outros.

No interior do Convento e do Museu destaca-se a extraordinária escada tripla de caracol helicoidal dos séculos XVII e XVIII, de espirais independentes e muito linda e intrigante.

 

No mesmo espaço sobem três rampas independentes, que conduzem a diferentes andares, uma delas alcançando o terraço.

Ainda no Parque de San Domingos de Bonaval, o Centro Galego de Arte Contemporânea (CGAC).

http://www.cgac.org/

Convento de Clausura de Santa Clara, Santa Clara, s/nº, da Ordem de Santa Clara ou das Franciscanas Clarissas, situado extramuros, a norte da cidade.

Fundado e impulsionado por Dona Violante, mulher do Rei D. Alfonso X, O Sábio, na 2ª metade do século XIII, pelo que tem o título de “Real”, classificado, desde 1940, como Monumento Nacional.

Como em todos os conventos de clausura, o que mais se destaca são os gradeados que ocultam os dois coros, o alto e o baixo, sempre que as clarissas assistem aos ofícios litúrgicos.

Em frente ao Convento de Clausura de Santa Clara está o Convento das Carmelitas Descalças.

Convento de Clausura del Carme de Arriba, Santa Clara, 8, da Ordem das Carmelitas Descalças, ordem de clausura trazida a Santiago de Compostela pela escritora mística galega Maria Antonia de Jesus no século XVIII.

Os retábulos laterais da igreja são dedicados a Santa Teresa e a São João da Cruz, os fundadores da ordem.

A igreja tem duas capelas no ângulo da abside, numa a imagem de São José e noutra a imagem da Virgem das Angústias no momento da “Descida da Cruz”.

 

Mosteiro de San Francisco de Val de Deus, fransciscano, fundado no início do século XIII, no centro antigo da cidade, no lugar conhecido como o “Val de Deus” (o Vale de Deus).

Diz a lenda que São Francisco de Assis, em peregrinação a Compostela, em 1214, hospedou-se na choupana de um carvoeiro chamado Cotolai, a quem teria recomendado que construísse um mosteiro.

Val de Deus era propriedade do mosteiro beneditino de San Martiño Pinario, que o cedeu em troca de uma cesta de peixe anual, que continuou sendo entregue até fins do século XVIII.

A planta da Igreja da Terceira Ordem corresponde ao tipo “jesuítico”, em forma de retângulo, no qual se inscreve uma cruz latina com três naves.

O retábulo central consta de três corpos:

No inferior, São Domingos de Guzmán, fundador da Ordem dos Pregadores e São Boaventura, primeiro cardeal da Ordem Franciscana, acompanhando uma imagem da Virgem.

No segundo, uma talha de São Francisco, um escudo da Ordem de São Francisco e outro com a Cruz da Terra Santa e as Cinco Chagas do santo.

No corpo superior, uma talha de Santa Clara e um livro aberto.

Delcarado Monumento Histórico-Artístico em 1986, vivem nele cerca de 20 franciscanos, uma parte funcionando como hospedaria (70 quartos) e restaurante; outra parte o Museu da Terra Santa e outra mais oferece atividades sociais diversas. Parte dele alberga um hotel****.

Casal Coton, um clássico da cidade, onde se encontram diversos doces regionais. Ressalte-se que a Torta Santiago, à base de amêndoas, é a sobremesa oficial.

http://www.casalcoton.com/

Uma vez mais, alomoçamos no Cre-Cottê.

Museu das Peregrinações, ocupa a Casa Gótica, do século XIV, na Rua San Miguel, 4.

 

http://www.mdperegrinacions.com/

Do outro lado da rua a Igreja de San Miguel dos Agros.

Santiago de Compostela é,

juntamente com Jerusalém, a cidade santa,

e Roma, a cidade eterna,

 

um dos lugares de peregrinação mais importantes do mundo.

Embora existam diversos caminhos, o “Caminho Primitivo” surgiu como a primeira rota de peregrinação a Compostela.

 

O Rei Alfonso II, El Casto, fez a peregrinação desde Oviedo até Santiago, no início do século IX, por este caminho, fato que se tornou fundamental para a confirmação da origem dos restos humanos em Compostela e fundou a primeira basílica para o culto do Apóstolo. Contribuiu ao mesmo tempo com doações e promovendo a criação da primeira comunidade monástica destinada a adoração do Santuário de Santiago.

A cidade de Oviedo foi, portanto, o ponto de partida do “Caminho Primitivo”. A partir desta cidade o caminho era seguro e frequentado e o status só mudou quando Leon se estabeleceu no século X como a capital do reino, acolhendo o “Caminho Francês”. Entretanto, o valor espiritual deste percurso como rota alternativa permaneceu, principalmente, devido as relíquias da Catedral de San Salvador de Oviedo, “Quem vai visitar Santiago e não visita Salvador, vai a casa do criador e nao visita o seu Senhor”, se dizia desde a Idade Média, e da Basílica de Lugo, com exposição permanente do Santíssimo Sacramento.

Numerosos hospitais se estabeleceram ao longo dos 369 km deste caminho para apoiar o peregrino, obrigado a atravessar zonas de extrema dureza geográfica e climática.

Já a rota ao longo da costa foi tão frequentada como o “Caminho Primitivo” e ambos os caminhos eram mais antigos que o posteriormente proclamado pelos monarcas espanhóis “Caminho Francês”.

O “Caminho do Norte” (ou Caminho Asturiano) está intimamente ligado ao Mar Cantábrico. Muitos cristãos peregrinavam para Santiago de barco, desembarcando em vários portos da costa cantábrica. Desde a Idade Média esta era uma via de renome internacional e, embora não tenha sido tão frequente quanto o “Caminho Francês”, esteve em plena atividade até o século XVIII.

O Caminho Francês, um dos mais longos entre os utilizados, começa no sudoeste da França, cruza os Pirineus, rumo a Santiago de Compostela, passando por cinco Comunidades Autônomas espanholas: Navarra, Aragão, La Rioja, Castela & Leão e Galícia.

 

  • dia 06/05/2010

 

No Parque Alameda, acesso pelo Campo da Estrela, encontra-se uma estátua que representa duas mulheres chamadas “As Duas Marias” ou “As Duas em Ponto”. Diz-se que eram duas mulheres excepcionais, Corelia e Maruxa, que viveram uma existência difícil, perderam muito cedo os pais, na Guerra Civil Espanhola, e saíam todos os dias, às duas da tarde, para passear pela alameda, sempre juntas, com roupas coloridas e muito maquiadas. Depois da morte de Corelia, Maruxa nunca mais saiu e morreu alguns meses depois.

Las populares Marías de Santiago

escondían tras el colorido de su ropa

una historia de miseria y persecución política.

 

“Extravagantes hasta la muerte pero de punta en blanco siempre, que para eso sabían coser. Las dos Marías de Santiago escondían tras su aspecto colorido y su exagerado maquillaje una historia de pobreza y persecución política. Sin embargo, cada día alegraban el paseo compostelano con su salida a las dos en punto. Y así llamaban a las dos hermanas: Las Dos en Punto. Coralia y Maruxa Fandiño solían responder con una sonrisa zalamera a los estudiantes que las piropeaban, cuando bajaban de la Algalia por las rúas, mientras manifestaban su desdén a las mujeres que se paraban a observarlas.

 

Su popularidad fue tal, que sus efigies quedaron inmortalizadas en la Alameda compostelana, a donde acudían a flirtear con los universitarios, incluso a edad avanzada.

 

Ahora, los turistas se hacen fotos con ellas, ajenos al pasado que esconden estas mujeres, cuya ropa puso una nota de color en el oscuro vestuario de su época.

 

Se puede decir que la vida de Maruxa y Coralia no fue miel sobre hojuelas. Pertenecían a una humilde familia numerosa. Su padre, zapatero, tenía un pequeño taller en la Algalia de Arriba y la madre y las hijas colaboraban en la economía familiar trabajando como costureras. Los padres parece ser que murieron siendo las chicas muy jóvenes.

 

Tres de los trece hermanos habían sido destacados militantes de la CNT. Esa circunstancia acarreó a la familia un sinfin de miserias en la posguerra, con constantes humillaciones y registros domiciliarios en busca de su hermano Manuel, dirigente anarcosindicalista al que Coralia y Maruxa daban cobijo.

 

En un principio, habían sido tres hermanas, pero la tercera, Sarita, murió joven y quedaron Coralia y Maruxa para el paseo diario de la Algalia a la Alameda compostelana.

 

Siempre juntas, salían vestidas con sus mejores galas y alambicados tocados. Se hacían ellas mismas la ropa, que cosían primorosamente y combinaban con otra que les daban. Componían así, un espetáculo fascinante que dejaba admirados a propios y a extraños.

 

Durante años, uno de los atractivos para la riada de estudiantes que cada año llegaba a Compostela con el nuevo curso escolar – cuando en Galicia sólo había la Universidad de Santiago – era encontrarse por las rúas con las Marías, que vivían convencidas de ser eternamente jóvenes y vestían haciendo exhibición de una personalísima interpretación de la moda.

 

Es difícil saber cuál de las dos murió antes. Según unas fuentes, fue Coralia la primera en abandonar esta vida, mientras que para otras fue Maruxa, la que llevaba la voz cantante en la pareja.

 

La muerte de Maruxa sumió en una inmensa tristeza a Coralia, la más ingenua de las dos, que no volvió a pisar la calle sin su hermana y falleció unos meses después, a principios de los años ochenta.

 

De figura menuda, las Marías fueron cantadas por la voz de poetas como Bernardino Graña, que les dedicó en 1994 – el mismo año en que se erigió en la Alameda de Compostela la estatua de la popular pareja realizada por el escultor César Lombera – un poema: Oda ás sempre mozas Marias que hai tanto tempo pasean por Santiago. Graña cantó para siempre a aquellas “rosas de trapo e sedas enxoval gardado/(…) oh Marias/señoras do corazón/decote namorado”.

 

(prospecto adquirido num jornaleiro, aqui transcrito)

 

Ainda no Parque Alameda a Igreja do Pilar e a Igreja de Santa Susana.

 

Próximo ao Parque Alameda, um quadrilátero de ruas comerciais: Xeneral Pardinas, Montero Rios, Alfredo Brañas e Republica de El Salvador.

Novamente almoçamos no Cre-Cottê.

Igreja de San Fiz de Solovio.

O Mercado de Santiago de Compostela, entre a Rua de Ameas e a Rua da Virxe da Cerca, existe desde 1873.

Antes, neste sítio, encontrava-se o Palácio do Conde de Altamira, uma família muito rica, que doou muito dinheiro para as igrejas e outros edifícios da cidade.

O edifício atual foi construído em 1941.

A maioria dos produtos provem da própria região e o que mais chama atenção é a ala dedicada aos pescados e mariscos, acabados de sair do mar, tão frescos que, por vezes, são encontrados ainda vivos.

São muito conhecidas as “pementeiras de Padrón”.

Famoso é também o delicioso queijo galego tettila, que, como o nome sugere, tem o formato de um seio, a crosta é dura e dentro é supercremoso.

Praça de Abastos, uma das cinco mais importantes da Espanha e 2º local mais visitado da cidade depois da Catedral.

 

http://www.mercadodeabastosdesantigo.com/

Igreja de San Agustín

Check-out no Hotel Husa Ciudad de Compostela.

Taxi do Hotel Husa Ciudad de Compostela ao Aeroporto Internacional de Labacolla para pela Iberia voar para Madri, às 17:45 horas, com destino a Roma.

A Queimada Galega com o “esconjuro mágico”, música tradicional galega ao vivo no Lar das Meigas, ponto de encontro na Rua do Vilar, 47, aos sábados, às 20 horas, com duração aproximada de 1 hora.

 

http://www.lardasmeigas.com/

 

A queimada é uma bebida alcoólica tradicional e ao mesmo tempo um espetáculo: feita à base de aguardente, açúcar, cascas de laranja ou limão e grãos de café, queimada, enquanto se recita energicamente um esconjuro (exorcismo) ritual contra os maus espíritos galegos: “meigas” (bruxas) e “trasnos”.

A Galícia é uma região de forte influência da cultura celta. O povo celta era pagão, baseava-se nas forças da Terra para conduzir a vida e seus meios de sobrevivência. Acreditavam na proteção de diversos deuses, todos atuantes sob os auspícios da Grande Deusa-Mãe.

Um dos principais deuses celtas é Dagda, o Deus da abundância. E é ele o condutor do ritual da queimada, pois, é ele quem carrega os quatro atributos notáveis: o “caldeirão da abudância”, que protege a colheita e, por consequência, o alimento, e também garante a boa passagem dos mortos à vida espiritual; a “moca”, uma poderosa arma que é constituída por dois lados, um que mata e outro que ressuscita; a “harpa”, que contém a melodia de todos os sons; e a “roda”, o círculo cósmico da espiral do apocalipse.

Os celtas, acreditando no poder deste Deus, por meio de seus sacerdotes, os Druidas, criaram uma festa como forma de pacto com Dagda, que protegeria o povo dos males que poderia acometê-los caso o Deus fosse desagradado, a Festa de Samain, na qual todas as pessoas saíam de suas casas e apagavam todas as fontes de luz a fim de permitir aos Anaon (os mortos) visitar os familiares. Para tanto, misturavam em um grande caldeirão as bebidas mais fortes e os frutos mais doces. Ferviam-nos até que atingisse a consistência de um licor, chamado de “queimada”, o qual bebiam até não mais aguentar. Este ritual era celebrado com música e dança. Ao amanhecer, acordavam e levavam consigo uma brasa incandescente provinda do resto da fogueira da festa e que era usada para reacender os braseiros e velas que iluminavam as casas. O conjuro consistia em glorificar Dagda e pedir que eliminasse os efeitos nocivos dos Anaon.

A Festa de Samain posteriormente deu origem à data folclórica do Hallowenn (dia das bruxas). Por isto, o costume de visitar as casas, solicitando “doces ou travessuras”.

Na Galícia a data é comemorada todos os anos simbolizando a manutenção da abundância nos meses de inverno com a “brasa” trazida dos meses de verão.

No ritual, os galegos sucedem a mesma mistura de bebidas e frutos doces, em um grande caldeirão e proferem o Conxuro da Queimada:

“Mouchos, coruxas, sapos e bruxas. Demos, trasgos e diaños, espritos das nevoadas veigas.

Corvos, pintigas e meigas, feitizos das manciñeiras. Podres cañotas furadas, fogar dos vermes e alimañas. Lume das Santas Compañas, mal de ollo, negros meigallos, cheiro de mortos, tronos e raios. Oubeo do can, pregón da morte; fuciño do sátiro e pé de coello. Pecadora língua de mala muller casada cun home vello.

Averno de Satán e Belcebú, lume dos cadavres ardentes, corpos mutilados dos indecentes, peidos dos infernales cús, muxido da mar embravescida.

Barriga inútil da muller solteira, falar dos gatos que andan a xaneira, guedella porca da cabra mal parida.

Con este fol levantarei as chamas deste lume que asemella as do Inferno, e fuxirán as bruxas a cabalo das suas escobas, indose bañar na praia das areas gordas. Oíde, oide !, os ruxidos que dan as que non poden deixar de queimarse na aguardente quedando así purificadas.

E cando este brevaxe baixe polas nosas gorxas quedaremos libres dos males da nosa ialma e de todo embruxamento.

Forzas do ar, terra, mar e lume, a vos fago esta chamada: si é verdade que tendes mais poder ca humana xente, eiquí e agora, facede cos espritos dos amigos que están fora, participen con nós desta Queimada.”

Alguns outros sites:

 

www.guiasdegalicia.org

 

www.santiagoturismo.com

 

www.porelbuencamino.com