TOMBOS – LEOPOLDINA – TIRADENTES – BELO VALE – BRUMADINHO – INHOTIM – DIVINÓPOLIS –

SANTA BÁRBARA – BRUMAL – MARIANA – OURO PRETO – CONGONHAS MG (AGO-SET 2022)

 

Esta nossa viagem teve início em 24/08/2022 e, 16 dias após, percorridos 2.015 km, havíamos cumprido nosso roteiro: eu, meu marido e meus tios Regina & Marco Aurélio Martins Pinheiro. 

Saímos do Rio seguindo diretamente para Tombos e aí ficamos até domingo, 28/08/2022. Foram dias muito bons, extremamente e carinhosamente recepcionados pela minha irmã, Selma Lúcia e meu cunhado, Erik Drumond. 

Muito bom ver como a cidade, ao vivo e a cores, está um cartão postal. O Museu, que funciona na antiga estação ferroviária, traz registros do passado, como um quadro da Fazenda do Batatal, onde minha mãe nasceu. 

E logo ali ao lado, o Hotel Serpa, doce lembrança da minha infância e dos meus avós Abigail & Moacyr, que devem estar imensamente recompensados com a iniciativa da minha prima Rogéria Giarolla de promover a restauração da fachada do hotel.

Outro cartão postal da cidade não deixou de ser visitado, a cachoeira e seus tombos, que deram nome a cidade. O Mirante, a Usina Hidrelétrica, a constatação da seca que saltava aos olhos em todas as áreas por onde passamos, também nas águas da cachoeira.

 

E não poderíamos encerrar essa nossa visita sem o café da manhã na Reserva do Tico Tico.

 

“A interação é uma das coisas mais úteis que se pode fazer para adicionar positividade à vida dos outros, ao mesmo tempo em que melhora a sua. Quando fazemos coisas boas para os outros, movemos a energia dentro deles e dentro de nós. Four Seasons me dá essa oportunidade todos os dias.”

Minha expectativa gira agora em torno do funcionamento da primeira das três suítes que irão compor esse paraíso que é a Reserva Tico Tico.

 

Saindo de Tombos, fizemos a viagem em duas etapas: de Tombos a Leopoldina e de Leopoldina a Tiradentes. E porque Leopoldina?

– Para encontrar mais uma vez o casal de amigos Cristina & Marcelo e saborear um delicioso e farto churrasco do Bar e Restaurante Grotão, Rua João Batista, 806.

Viagem que segue, rumo a histórica Tiradentes, onde chegamos após o anoitecer.

Nos hospedamos no Arraial Velho Pousada Temática, Rua Bárbara Heliodora, 10 – Parques das Abelhas, através da booking.com, ficando de 28/08 a 30/08/2022, na histórica Tiradentes.

“Já pensou em sair de viagem e acordar em pleno século XVIII ? Imponentes sobrados, chafarizes coloniais, ambiente temático e um delicioso café da manhã ao som da música barroca tiradentina fazem da sua hospedagem uma experiência pelo período mais importante da nossa história, a Inconfidência Mineira. O charme e aconchego esperam você aqui!!!”

fonte: https://arraialvelho.com.br

A Pousada é constituída por quatro sobrados decorados no estilo colonial: a Villa dos Inconfidentes, o Arraial de Santo Antônio, a Villa de São José e o Arraial da Ponta do Morro, que, juntos, formam um belo conjunto arquitetônico, que proporciona uma viagem pelo século XVIII.

Rodeada por belos jardins, a pousada possui 19 acomodações, que exibem móveis de artistas locais, no estilo rústico, que contam parte da história da cidade.

O sobrado Villa dos Inconfidentes, prédio mais antigo da Pousada, mas recentemente restaurado. Ao lado do prédio, uma réplica do Chafariz de São José, construído em 1749.

O sobrado Villa de São José, o mais novo da pousada, reformado em 2015, onde ficamos no apto nº 3. No térreo fica o Salão Manuel Dias de Oliveira onde é servido o café da manhã, das 8 às 10 horas, e o chá das 17 às 19 horas, tudo preparado na própria pousada. 

Aos fundos do sobrado São José fica o sobrado Arraial da Ponta do Morro. Aí existe um mini chafariz, que pode ser acessado por todos os hóspedes.

No sobrado Arraial de Santo Antônio, todos os apartamentos estão situados de frente para a Pracinha Largo do Sol. Todas as acomodações tem vista para a área da piscina. A sauna e a Sala de Entretenimento estão situadas nesse prédio.

 

Para os amantes de cachoeira, a pousada está situada a 1 km da Cachoeirinha do Paulo André; a 3 km do acesso para a Cachoeira do Mangue; a 4 km da Cachoeira do Bom Despacho e a 4 km da Cachoeira da Coca Cola.

O Centro Histórico de Tiradentes é considerado o mais bem conservado do Brasil, praticamente tudo o que se vê está exatamente como na época em que a cidade foi construída.

>> Importante saber: Às 2as feiras, as igrejas em Tiradentes não abrem, somente a Igreja Matriz de Santo Antônio, que abre todos os dias. Às 4as feiras, o comércio e restaurantes, em sua maioria, não abrem para limpeza dos estabelecimentos.<<< 

Tomamos duas charretes (Associação dos Charreteiros Serra de São José) e fizemos um passeio pela cidade, localizando, assim, algumas construções que merecem atenção especial pela beleza e importância histórica, caso da antiga cadeia pública, toda em pedra, onde funciona o Museu de Sant’Anna, com 297 imagens de Santa Ana; o solar onde viveu o inconfidente Padre Toledo, agora Museu Casa Padre Toledo, museu contemporâneo; a sede do Museu da Liturgia, construída na primeira rua de Tiradentes; a Câmara Municipal (Rua da Câmara) e a Prefeitura Municipal (Largo das Forras), que funcionam em casarões do início do século XVIII; a Ponte das Forras e o Chafariz de São José, que fica em frente à Igreja São José de Botas, onde era possível beber água, dar água aos cavalos, lavar roupa.

Em frente à Cadeia Pública, está a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, frequentada à época só por negros. Nada se sabe sobre sua construção, uma vez que os livros da irmandade mantenedora foram perdidos. Provavelmente foi erguida entre 1740 e 1770. Além do que, todo o ouro utilizado na construção e decoração foi obtido a partir de desvios e, por isso mesmo, a porta frontal da igreja ficava fechada e os frequentadores entravam pela porta lateral. Conta-se que os negros esfregavam lama no lombo dos cavalos e depois os lavavam, separando, em seguida, o pó de ouro do barro e assim iam reunindo ouro sem que fossem percebidos, daí a expressão ‘lavar a égua’.

Não há c0mo falar em Tiradentes sem lembrar a história que a cerca e que é latente a cada rua, construção ou monumento. A cidade exibe as marcas da história da Inconfidência em suas ruas e monumentos, como o Museu Casa Padre Toledo, por exemplo, que abrigou várias reuniões dos Inconfidentes e dizem possuir uma passagem subterrânea ligando a casa até a cadeia, o que o condutor da charrete disse não proceder.

A cidade recebeu o nome do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, principal personagem da Inconfidência Mineira,   movimento político que lutava pela independência do Brasil do domínio português, e, para comemorar, tem programação anual       para saudar o herói e seus companheiros.

As homenagens iniciam-se com um Ato Cívico e Sessão Solene da Prefeitura Municipal e ultrapassam as fronteiras do município,      pipocando em outras cidades da região, como a Cavalgada da Inconfidência, que reúne, há mais de 20 anos, cerca de mil cavaleiros de várias cidades que percorrem a Estrada Real entre São João Del Rei e Tiradentes, simbolizando o trajeto feito pelos líderes da Inconfidência Mineira, no século XVIII, relembrando o movimento revolucionário liderado por Tiradentes.

 

Nem sempre a cidade de Tiradentes teve esse nome. Povoada a partir de 1702 pelos paulistas, que descobriram ouro nas encostas da Serra de São José, a região foi nomeada Santo Antônio do Rio das Mortes, posteriormente, ficando conhecido por Arraial Velho, nome da Pousada por nós escolhida, assim chamado para diferenciá-lo do Arraial Novo do Rio das Mortes, atual São João Del Rei.

Anos mais tarde, mais especificamente em 1718, o arraial foi elevado à Vila, com o nome de São José, em homenagem ao Príncipe D. José, futuro Rei de Portugal, passando em 1860, à categoria de cidade. 

Na segunda metade do século XVIII, com a escassez do metal, a Coroa Portuguesa exige o pagamento dos impostos atrasados, fazendo nascer o espírito revolucionário de liberdade que culminou na Inconfidência Mineira. Com a delação, Joaquim José da Silva Xavier foi condenado à forca, pondo fim ao movimento.

No finalzinho do século XIX, a região foi ‘redescoberta’ pelos republicanos que, dessa vez, homenagearam o herói da Inconfidência Mineira, o Tiradentes, filho mais ilustre dessa terra, nascido em 1746, na Fazenda do Pombal, à margem direita do Rio das Mortes, termo da Vila de São José Del Rei (atual Tiradentes).

Graças às suas construções coloniais preservadas, casarões históricos e igrejas datadas do século XVIII, Tiradentes foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A cidade faz parte da Estrada Real, a maior rota turística do Brasil, mas lá é o lugar certo para quem procura um destino tranquilo, sem muitas ‘obrigações turísticas’, com roteiro mais flexível.

O passeio de charrete teve uma última parada na Igreja Matriz de Santo Antônio, o mais antigo e principal templo católico de Tiradentes. Suas origens estão ligadas à própria fundação da cidade, o antigo Arraial Velho do Rio das Mortes.

Nessa igreja é possível ver o relógio de sol, que possibilita a sucessão das horas através da incidência da luz solar sobre o relógio, construído em pedra sabão, um dos mais antigos do Brasil, datado da metade do século XVIII, com 40 cm no seu maio0r diâmetro, trata-se de um modelo equatorial, com o mostrador inclinado e paralelo ao equador terrestre e com o  estilete paralelo ao eixo de rotação da terra.

Tiradentes é referência mundial em gastronomia. De 19 a 28 de agosto de 2022 acontecia a 25ª Edição do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, evento que reúne a nata da culinária brasileira e conta com participações internacionais e nós chegamos exatamente no último dia do evento, não deu nem para aproveitar um pouquinho.

Desde a sua criação, em 1997, o festival já recebeu mais de três mil profissionais da gastronomia e meio milhão de pessoas foram degustar as delícias do cardápio. O evento promove a alta culinária do país, contribuindo para sua evolução e para a valorização de diversas produções gastronômicas brasileiras.

Durante os dez dias de festa, o Largo das Forras se transforma no núcleo de aulas teóricas e interativas com os grandes nomes da gastronomia, por toda a cidade são realizados eventos especiais, com restaurantes locais oferecendo pratos exclusivos para o festival, turismo gastronômico pelas ruas de Tiradentes e atividades culturais.

O Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes faz parte do Projeto Fatura – Comidas do Brasil, um dos maiores projetos de pesquisa gastronômica do país, que viaja por todo o Brasil exaltando e experimentando a culinária por onde passa, em busca de receitas, histórias e ingredientes. 

Os amantes da boa culinária podem curtir atrações culturais espalhadas pela cidade. A programação cultural tem como destaque novos talentos da escola de música da Universidade Federal de São João Del Rei, cidade vizinha, além de shows com grandes nomes do estado e do país, alguns deles com projeção internacional.

O Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes acontece sempre nos dois últimos finais de semana de agosto. Em 2022: dias 20 e 21 e dias 27 e 28, data em que chegamos a cidade.

fonte: http://faturabrasil.uol.com.br/blog-festivais/fartura-tiradentes/

Caminhamos pelas ruas, almoçamos no Pasta & Vino, no Largo das Forras, massas saborosíssimas, artesanais. Nesse almoço, experimentamos, de entrada, o pastel de angu/fubá, cuja origem é costumeiramente atribuída à cidade de Machado, Sul de Minas. A iguaria é reconhecida como de origem culinária dos escravos, pela utilização do fubá. Na massa original do pastel frito, a farinha de trigo é substituída pela massa de angu, feita de fubá e água. No caso de Machado se utiliza derivações do milho. O recheio mais curioso e tradicional dessa variedade de pastel é o guisado vermelho. No Sul de Minas o mais apreciado são os recheios de carne e queijo. Em Machado a iguaria é conhecida como pastel de fubá, originária do milho a partir de sobras de fubá produzidas por escravos negros nas fazendas de café. O pastel de fubá foi aperfeiçoado e, atualmente, está em fase de se tornar patrimônio cultural imaterial do município.

Imperdível uma visita e comprinhas  na ‘Marcas Mineiras’, loja e café, no Largo das Mercês, 49, tudo de extremo bom gosto e qualidade. Dentre as marcas mineiras estão: Graziela Guimarães – www.grazielaguimaraes.com.br, também presente na Rua da Câmara, 34; Cristais Cá D’Oro – www.cristaiscadoro.com ; Cerâmica Saramenha; Essencial Boutique de Aromas; Mercearia Paraopeba.

Vale também uma parada na Marcenaria Tiradentes, Rua dos Inconfidentes, 233.

 

Partimos de Tiradentes em 30/08/2022 rumo a Brumadinho, com uma parada em Belo Monte, à 79 km, em 2h 37m, para visitar o Museu do Escravo, onde está um dos mais importantes acervos do período da escravatura brasileira, principalmente, no que diz respeito aos instrumentos de castigo dos escravos.

O Museu foi criado em Congonhas – MG, nas dependências da Basílica do Senhor Bom Jesus, pelo Padre José Luciano Jacques Penido, natural de Belo Vale, para onde foi transferido em 1977, para a Fazenda da Boa Esperança, construída no último quartel do século XVIII, em 1790, pertencente ao Sr. Romualdo José Monteiro de Barros, Barão de Paraopeba.

Em 13 de maio de 1988, em comemoração ao centenário da abolição da escravatura, o museu foi transferido para o centro da cidade de Belo Vale, para um prédio em estilo colonial projetado por Ivan Pavle Boujanic e construído exatamente com esse fim.

O Museu é composto por seis salas em seu pavimento superior, onde é possível contemplar peças e utensílios ligados a Casa Grande, de uso e posse dos senhores da época:

  • uma é utilizada como hall de entrada/recepção;
  • numa segunda sala há uma urna funerária que representa o modo de sepultamento dos antigos povos nativos do Brasil, que foi encontrada em Belo Vale, no ano de 2004, tendo passado por longo período de restauro;
  • numa terceira sala estão algumas imagens sacras, oratórios e objetos da liturgia da Igreja Católica;
  • numa quarta sala louças e talheres decorados, bules, filtros de louça e demais objetos que eram utilizados nas refeições dos senhores e suas famílias;
  • nas quinta e sexta salas camas antigas, penteadeiras, baús e demais mobiliários que permaneciam na parte interna e mais íntima da casa. 

No pavimento inferior, um grande pátio e ao centro a estátua de um escravo sendo açoitado no pelourinho, de modo que o castigo pudesse ser visto por outros escravos, à título de exemplo e autoridade.

Ladeando esse pátio observam-se senzalas, que resguardam peças ligadas ao período da escravidão, peças de trabalho e de castigos aplicados contra os escravos e demais artefatos ligados aos índios, primeiros escravizados do país e quilombolas. Obrigado, Lívia por nos ciceronear.

Quando ouvimos a palavra escravo, geralmente pensamos na mão-de-obra dos negros africanos, que foi predominante no nosso período colonial, entretanto, entre 1540 e 1570, a mão-de-obra escravizada foi a indígena, que não estava habituado com as duras rotinas das lavouras. Por meio de uma Carta Régia de 1570 foi proibida a utilização do indígena como escravo, o que de fato só chegou ao fim em 1757, com o Marques de Pombal, que decreta definitivamente o fim da escravidão dos índios no Brasil.

No total, o Museu conserva mais de 3 mil peças que traduzem o período da escravidão vivido em nosso país ao longo de 358 anos.

Rua Antônio de Freitas Vitarelli, 06 – Centro – Belo Vale. Funciona de 3ª a 6ª feira, das 7 às 16 horas; sábados, domingos e feriados, das 9 às 17 horas. Fechado às 2as feiras.

Após a visita ao Museu, seguimos por mais 57 km, por 1h 20m, para Brumadinho, com parte do trajeto em estrada de terra, nos hospedando no Ville de Montagne Hotel, Rua Anibal Coelho, 95 – São Bento. www.villehotel.org

Para nossa grata surpresa, Brumadinho é uma cidade bem maior do que imaginávamos. Fizemos esse pit stop para, no dia seguinte, irmos a Inhotim, a apenas 4 km de Brumadinho.

A cidade é boa, muitíssimo movimentada e a Vale está praticamente onipresente. A história de Brumadinho começa com a ocupação dos bandeirantes no final do século XVII, época em que foram fundados os povoados de São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba, Aranha e Brumado do Paraopeba ou Brumado Velho, hoje Conceição de Itaguá. A partir de 1917, com a inauguração da Estação Ferroviária, muitos trabalhadores e imigrantes vieram para o povoado. O município de Brumadinho foi criado em 17 de dezembro de 1938, desmembrando-se da vizinha Bonfim. Foram anexados os distritos de Aranha e São José do Paraopeba (desmembrados do município de Itabirito) e de Piedade do Paraopeba (desmembrado do município de Nova Lima). Em 1953, Conceição de Itaguá se tornou o Distrito de Brumadinho e em 1955, foi elevado a Comarca Judiciária.

Brumadinho está numa região situada no Maciço do Espinhaço e início do Tabuleiro do Oeste, que começou a ser colonizada pelos ‘insubmissos’ da Guerra dos Emboabas, que teve seu berço no município de Caeté.

O nome da cidade vem das famosas brumas, comuns na região, especialmente no período da manhã. O padroeiro da cidade é São Sebastião.

Segundo o Jornal Estado de Minas, ‘a maior fonte de água mineral do mundo’ estaria localizada na serra que separa os municípios de Brumadinho e Mário Campos.

O município de Brumadinho tem sua principal base econômica sustentada pela atividade da mineração, sobretudo pela atuação da Vale. De forma secundária, o turismo contribui com grande parcela das receitas municipais: o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça; a Serra da Moeda (local para a prática de esportes radicais); o circuito turístico de Veredas do Paraopeba, que engloba vários conjuntos paisagísticos e que são considerados patrimônios históricos tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, que incluem edificações construídas no século XVIII.

Fonte: Portal da Cidade Brumadinho

31/08/2022 deixamos Brumadinho para trás com o propósito de conhecer Inhotim e, depois, seguir para Divinópolis.

A origem do nome Inhotim é incerta, mas a teoria que mais se popularizou entre os moradores é que o nome remete a um minerador inglês conhecido como Sir Timothy, que teria morado na região. Traduzindo, então, a alcunha do senhor Tim para o ‘mineirês’, ele se tornou nhô Tim ou Inhotim.

O Instituto Inhotim é sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil, considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, abriga um complexo museológico com obras de arte expostas em pavilhões, galerias e ao ar livre. O Inhotim oferece um modelo diferenciado de museu urbano, no qual o visitante é convidado a percorrer jardins, florestas, ambientes rurais, lagos, trilhas, montanhas e vales, estabelecendo uma vivência ativa no espaço.

As galerias, jardins, espécies botânicas em destaque e obras ao ar livre se organizam em blocos de cores – amarelo, rosa e laranja.

Em cada eixo de cor, os itens estão organizados em Galerias (G); Jardins Temáticos (J); Destaques Botânicos (B) e Obras (A). Um numeral sinaliza a cronologia daquele item em relação ao grupo.

Através do site do Inhotim, comprei, previamente, o livro ‘Caminhos’, um guia de visitação; os ingressos para o parque e o passe para o transporte interno, que, independente da idade, é fundamental, já que as distâncias são grandes. www.inhotim.org.br

Quando chegamos ao Inhotim, fomos orientados a começar a visita pelo eixo laranja, o mais longo, depois o rosa e depois ainda o amarelo e assim fizemos, partindo da Galeria da Praça (G3). Uma vez concluído o eixo laranja, retornamos para junto da recepção, visitando, então, a linda e moderna Inhotim Loja Design e depois o imperdível Centro de Educação e Cultura Burle Marx.

Caminhamos por todo o eixo amarelo, num belíssimo percurso, até o Restaurante Tamboril, onde almoçamos. Nesse caminho, passamos pela árvore que dá nome ao restaurante. Com entre 80 a 100 anos, ela aí está presente desde quando o Inhotim ainda era uma fazenda. Sua madeira de corte macio é muito utilizada na fabricação de barcos, canoas, móveis e brinquedos. Entre agosto e setembro, as folhas caem dando lugar aos frutos negros e contorcidos, em forma de meia-lua, que atraem as maritacas, ávidas pelas tenras sementes.

Restaurante Tamboril

Além do Restaurante Tamboril, Inhotim tem OOP Café (10 às 16 horas); Bayo – Vinhos e queijos mineiros, charcutaria artesanal regional (10 às 16 horas); Restaurante Oiticica (12 às 16 horas); Café das Flores – lanches artesanais (9:30 às 16:30 horas); Casa de Sucos – sucos e sanduiches (10 às 16 horas) e Pizzaria do Teatro, o que não falta é opção!!!

Muito interessante são os Jardins: J1 – Jardim de Todos os Sentidos; J2 – Jardim Desértico; J3 – Jardim de Transição; J4 – Vandário*; J5 – Jardim Veredas*; J8 – Jardim Sombra e Água Fresca; estes todos no eixo laranja e os Jardins 6 – Jardim Pictório e Jardim 7 – Largo das Orquídeas, no eixo amarelo. No Jardim de Todos os Sentidos, tivemos oportunidade de conhecer a beleza do urucum. 

TAMBORIL >>>

 

 

>>> URUCUM

*As vandas fazem parte da família das orquídeas.

* Já dizia Guimarães Rosa, “a vereda é um oásis.” “Nas veredas, há sempre o buriti. De longe a gente avista os buritis e já sabe: lá se encontra água.”

Aberto todos os dias, exceto às 2as feiras. De 3ª a 6ª feira das 9:30 às 16:30 horas; sábados, domingos e feriados, de 09:30 às 17:30 horas.

Saindo do Inhotim, após 100,9 km, 1h53m, lá estávamos nós em Divinópolis, no JB Palace Hotel, Rua Rio de Janeiro, 137 – Centro. www.jbpalace.com.br

E o que nos levou à Divinópolis? A possibilidade de estar com Tia Conceição (irmã de mamãe), tio Alcides, minha prima Deise e seu filhote Ian. E como foram bons nossos encontros, nossos passeios, nossos almoços, nossas muitas conversas e recordações! Antes mesmo de seguir caminho, já sentíamos saudades.

Chegamos a Divinópolis, nos acomodamos e entramos em ‘modo repouso’, para, no dia seguinte, 1º/09/2022, nos encontrarmos na Matriz do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula, Praça Dom Cristiano, 241 – Centro. Erguida em 1767, em 1830 foi destruída por um incêndio, reerguida em 1834, foi novamente destruída por um outro incêndio, em seu lugar tendo sido construída a antiga igreja, que acabou por ser demolida em 1958, ocasião em que foi erguida a atual, Catedral do Divino Espírito Santo.

Na Praça Dom Cristiano, 328, o prédio onde funcionou o Museu Histórico de Divinópolis, fechado, com aspecto de abandono. Precisamos, urgentemente, nos conscientizarmos da importância de preservarmos nosso patrimônio, nossa história, nossas memórias.

A história de Divinópolis se inicia no século XVIII, por volta de 1730, quando os primeiros colonizadores, fugindo da perseguição política, esconderam-se no sertão de Itapecerica, liderados por Manoel Fernandes de Miranda, apelidado Candidés, índios desta etnia habitavam a região. Beneficiados, em 1710, por uma anistia real, imediatamente se organizaram pare viver no local.

A primeira capela, consagrada ao Divino Espirito Santo e São Francisco de Paula, foi erigida em 1767,  dando significado ao nome Arraial do Espírito Santo do Itapecerica e o arraial tomou grande impulso, quando foi construída a linha férrea até a cidade de Oliveira. Cerca de um ano depois realizou-se o ato de inauguração da estação ferroviária, que recebeu o nome de Henrique Galvão, um dos construtores da estrada.

O Arraial do Espírito Santo do Itapecerica pertenceu às Comarcas de Sabará (1711 à 1744); São José do Rio das Mortes (1744 à 1758); Pitangui (1758 à 1847) e a Itapecerica (1847 à 1912). Em 1912, foi instalado o Município, com alteração do nome de Vila Henrique Galvão para Vila Divinópolis. Em 1936, Divinópolis foi transformada em Comarca. Em 1940, foi publicada a demarcação do território do Município.

Em 1813, a cidade contava 1.154 habitantes.

Em 1839, foi criado o Distrito do Espírito Santo do Itapecerica. Em 1850, foi construída a Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada na atual Praça do Mercado.

A economia de Divinópolis é bem diversificada, tendo na indústria de confecção, na produção do ferro gusa e na produção do aço seu ponto forte. É também importante polo comercial e de serviços.

Fonte: divinopolis.mg.gov.br e IBGE

Estivemos, então, no Shopping Pátio Divinópolis, Rua Moacir José Leite, 100 – Santa Clara. Do terraço tivemos uma bela vista da cidade. O Benedictus Restaurante, Rua Bahia – Centro, foi o local escolhido para almoçarmos, moderno, confortável, com um buffet muito saboroso.

Retornamos ao hotel para uma descansadinha básica, mas ao final da tarde nos reunimos em casa dos tios e primos para uma delícia de lanche, muito carinho envolvido e muitas histórias de uma ‘Viagem ao Passado’.

https://www.nossosroteiros.com.br/viagem-ao-passado/

E 02/09/2022 nos trouxe uma grande e grata surpresa, uma visita ao Museu GTO – Geraldo Teles de Oliveira, Rua Rubim 283 – Bairro Niterói, nascido em Itapecerica/MG, passou a infância e a juventude em Divinópolis, morando também no Rio de Janeiro, onde trabalhou como funileiro, moldador e fundidor. Retornou para Divinópolis aos 38 anos de idade e trabalhou como vigia noturno. Seu primeiro trabalho foi feito aos 52 anos, à pedido de um Padre, quando transformou madeira em arte, esculpindo uma imagem para a Igreja Senhor Bom Jesus. O Museu funciona na casa em que o artista viveu até falecer em 1990.

Fundado em 1981, o espaço conta com um pequeno acervo de suas obras, algumas ferramentas e alguns objetos pessoais. A ideia da criação do Museu se deu em função de Divinópolis receber turistas interessados em conhecer Geraldo Teles de Oliveira e suas obras, trabalho que vem passando de geração em geração, dando sequência a seu legado, através das mãos do filho Geraldo Fernandes de Oliveira e do neto Mário Teles.

Em 2007 foi criado o Instituto GTO, com a finalidade de profissionalizar o processo de manutenção do museu, aprimorando as exposições.

Já no ano de 2009, o Museu GTO recebeu uma revitalização, pintura, iluminação, restauração de portões, janelas e portas, cerca elétrica e reforços em itens de segurança.

O Museu possui apenas duas salas para visitação, uma com as grandes obras de GTO e outra que abriga o ateliê do neto Mário Teles. Há ainda um grande painel com uma linha do tempo, contando a vida de GTO. Tudo muito simples, mas muito impactante. O Museu não conta com nenhum apoiador financeiro, que venha a promover as melhorias que o espaço requer e merece.

Mais de 200 Centros Culturais no Brasil levam o nome de GTO, o arquiteto de Deus e mais de 3 mil obras estão espalhadas pelo mundo todo. Depois de Aleijadinho é GTO, sendo que Aleijadinho era de família culta, era estudado, já GTO era um homem simples, que reproduzia o que os sonhos traziam para ele, por isso conhecido como o ‘artista do sonho’, esculpidas a canivete, entalhe primitivo. Avô, pai e filho já fizeram mais de 30 mil obras, que se encontram espalhadas pelo mundo todo. 

Esse é o neto de GTO, nos recepcionando e nos contando quem era GTP, a pessoa e o artista. Sem qualquer pressa, cheio de entusiasmo, eis aí outro grande artista, dando continuidade a técnica desenvolvida espontânea e intuitivamente por seu avô. Tivemos oportunidade de ver trabalhos belíssimos. Quanta riqueza tem para oferecer alguém de quem não havíamos sequer ouvido falar.

Em seguida, uma visita ao belo Santuário de Santo Antônio e Divinópolis, na esquina da Avenida 21 de Abril, 655 e Rua Minas Gerais, que também abrigaria a Faculdade de Teologia. Recebeu os cinco primeiros clérigos holandeses em 25 de outubro de 1931, que se ordenaram sacerdotes três anos depois, na matriz do Divino Espírito Santo. O Convento de Divinópolis tornou-se, ao longo dos anos, brilhante centro teológico, um dos mais importantes do Brasil, cujos mestres eram formados em universidades europeias, com elevado nível cultural.

A história do trabalho dos franciscanos começa com Frei Hilário Verhey, que se mudara para Divinópolis a fim assumir a Paróquia do Divino Espírito Santo, em 11 de agosto de 1924, e incumbir-se de edificar uma nova igreja na cidade.  Assim, em 1944, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte criou a Paróquia de Santo Antônio, de Divinópolis. Ao segundo vigário da Paróquia coube a conclusão do Santuário, tendo sido ele responsável pela vinda do frade artista holandês, Frei Humberto Randag, com formação nas Academias de Arte de Tilburg e Amsterdam, para pintar os deslumbrantes painéis que ornamentam o interior do templo, que foram, festivamente, inaugurados em novembro de 1949, ao ensejo das comemorações do 25º aniversário da chegada dos franciscanos a Divinópolis. Pela sua importância estética e histórica, essa monumental obra foi tombada, o que significa que seu entorno, conforme orientação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG), fica também protegido.

É inegável a importância da história franciscana em Divinópolis, seja na formação sociocultural, na formação religiosa ou em ações que passam despercebidas, como, por exemplo, nos repiques dos sinos do Santuário.

Fomos, então, almoçar, todos juntos, e tivemos a alegria de conhecer o Lucas, filho do Júlio & da Sinara, retornamos ao hotel para um breve descanso e fim de tarde com lanche na tia Conceição, muita conversa, muitas recordações boas.

03/09/2022, nosso último dia em Divinópolis, foi aos pés da Cruz de Todos os Povos, parte de um projeto internacional de pedidos de intercessão da Graça Divina, que está sendo erguida na cidade.

Em Divinópolis, a Cruz será em honra ao Espírito Santo e complementará a Santíssima Trindade com as cruzes já instaladas no Líbano em honra a Deus Pai e no México em honra a Deus Filho.

A Associação Terra de Deus deu início em 2017 à construção de uma estrutura em forma de cruz com 73,8 metros de altura, que ficará sobre o Morro da Gurita, no Distrito de Santo Antônio dos Campos em terreno de 10 mil m2 doado por Roberto Antônio Alpino Rodrigues, na Cidade do Divino, significado do nome Divinópolis, que antes mesmo de ser emancipada era conhecida como ‘Arraial do Divino Espírito Santo do Itapecerica’.

A Primeira Cruz de Todos os povos foi edificada no Líbano em homenagem a Deus Pai, sendo a primeira maior Cruz Luminosa do mundo. Sua construção na Terra Santa objetiva a unidade do Povo de Deus, essa é a espiritualidade da Cruz. Na Terra Santa, onde há a luta histórica entre árabes, cristãos e muçulmanos, poderia parecer impossível a construção de uma cruz como essa. Contudo, a cruz foi aceita por todos esses povos: as três religiões monoteístas se uniram pela cruz em 2010, concluída no dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo.

Um ano depois da construção da Cruz no Líbano, também no dia 16 de julho, iniciaram-se as articulações para a construção da segunda Cruz de Todos os Povos, no México, construída na cidade de Mérida, capital do estado de Yucatán. Em Mérida também foi construída a primeira Catedral de Todas as Américas – Catedral de Cristo da Unidade. A Cruz de Todos os Povos no México foi concluída no dia 21 de dezembro de 2012 e homenageou a Deus Filho.

A Cruz de Todos os Povos já passa dos 39 metros de altura, é custeada por meio de doações, já tendo sido empregados mais de R$ 1 milhão e já recebe visitantes.

Enquanto fazíamos nossa visita, juntou-se a nós uma seriema, com seu porte imponente.

Nosso almoço foi no Friends Bar & Kitchen, um lugar agradável e boa comida.

Nosso lanche do final da tarde foi de ‘até breve’, esperando que agora a turma de Divinópolis venha nos ver na Cidade Maravilhosa. Foram dias muitíssimo agradáveis, fomos muitíssimo bem recebidos e recepcionados, muitos bons papos e se recorda é mesmo viver, vivemos intensamente esses dias. Obrigado aos tios Conceição & Alcides, aos primos Deise & Ian.

04/09/2022, levantamos acampamento, já saudosos. 222,4 km a frente, 3h42m depois, chegávamos a Brumal, distrito do município de Santa Bárbara, fundado nos primeiros anos do século XVIII, em decorrência da descoberta de ouro pelo bandeirante Antônio da Silva Bueno na Serra do Caraça. Recebeu os nomes de Barra Feliz e de Brumado, passando a chamar-se oficialmente Brumal em 1943.

Descontente, contudo, com os achados auríferos de Brumal, que a princípio teriam se mostrado pobres, teria prosseguido viagem, deparando-se, em seguida, com as riquezas do ribmeirão de Santa Bárbara, ali se estabelecendo. O referido evento teria dado origem ao nome primitivo do distrito – Brumado – proveniente da palavra ‘broma’, empregada outrora para designar perda ou engano, mistificação ou desaparecimento de ouro na lavra que se supunha rica. Entretanto, apesar desse episódio inicial da história de Brumal, teria sido tão constante a riqueza mediana das minas do Brumado, que um populoso arraial teria se estabelecido no local já na primeira metade da década de 1700.

Almoçamos na Casa Naturalis, Rua Cleves de Faria, 185, um mimo de local. 

O arraial originou-se a partir da construção da Igreja de Santo Amaro, erigida entre 1728 e 1739, a praça homônima e edificações de pequeno porte distribuídas em seu entorno. A riqueza ornamental da igreja, que obteve licença para sua edificação em 1727, testemunha a profusão aurífera da localidade, sendo um indício da prosperidade experimentada pelos moradores da época da ocupação daquele território. Como parte integrante do centro histórico, tem ainda a Capela de Nosso Senhor dos Passos, construída em 1865.

O Núcleo Histórico Urbano de Brumal consistia em significativo espaço de convivência da comunidade, onde eram realizadas as principais celebrações do distrito, como as diversas procissões de celebrações religiosas e outros festejos populares, o que obteve um primeiro reconhecimento do governo federal em 1941, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional instituiu a Igreja de Santo Amaro como patrimônio nacional, tombando-a e registrando-a no Livro de Belas Artes.

Em 1989, o conjunto arquitetônico do Brumal foi reconhecido em toda sua amplitude, tendo sido tombado e integrado ao Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais.

O tombamento estadual do Núcleo Histórico de Brumal foi instituído em 1989 com inscrição no livro do Tombo de Belas Artes, no livro do Tombo Histórico, das obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos.

fotos patrimonioespiritual.org

 

O principal patrocinador da obra da Igreja foi Amaro da Silveira Borges, devidamente autorizado pelo bispo do Rio de Janeiro, em 1727, que também autorizou que Amaro da Silveira, bem como seus descendentes diretos, tivessem sepultura na Capela Mor. No mesmo ano, uma parte da igreja já estava pronta e benzida, e o traçado geral seguia o mesmo das primeiras igrejas matrizes de Minas Gerais.

Inteiramente construída em taipa e madeira, mesma estrutura que mantém até hoje. A igreja foi dedicada a Santo Amaro, versão portuguesa de São Mauro, discípulo de São Bento, nome do principal financiador da obra.

A Igreja tem estrutura retangular, com duas torres e frontão triangular, guarda em seu interior dois retábulos e o altar-mor em madeira ricamente trabalhada, com colunas ornadas. A imagem do padroeiro veio de Portugal, nas laterais diversos painéis contam a história do santo, nascido em Roma, no século VI d.C., ingresso na ordem criada por São Bento como missionário beneditino, tendo vivido a maior parte de sua vida na França.

Em 1874, quando criada a Freguesia de Santo Amaro do Brumado, tornou-se Igreja Matriz.

Em Brumal visitamos a Casa das Tecelãs de Brumal, com suas tramas produzidas em teares mineiros de pedais de pente e liço, com fios urdidos e resíduos têxteis e mixados com o bordado, crochê e costura. Praça Santo Amaro, 1264 www.tecelasdebrumal.com.br

A Cavalhada de Brumal, registrada como Patrimônio Imaterial de Santa Bárbara, teve início na tricentenária Vila de Brumal há 81 anos por iniciativa dos tropeiros Jorge Calunga e Amaro Luiz, inspirada na já existente Cavalhada de Morro Vermelho – Caeté – Minas Gerais onde a Cavalhada já acontece desde 1704.

A Cavalhada de Brumal e Festa de Santo Amaro é realizada no primeiro domingo do mês de julho por 34 cavaleiros montados em cavalos adornados com flores e fitas, caracterizados como Mouros e Cristãos e acontece no Largo da Igreja de Santo Amaro, reunindo milhares de devotos, romeiros e turistas e representa a Batalha de Carlos Magno e os Doze Pares da França, quando o rei católico e seu exército de cruzados expulsou os mouros das terras santas após 800 anos de ocupação. Essa batalha foi comemorada e encenada nos reinos cristãos europeus em forma de Cavalhadas para incentivar a fé cristã. Foi trazida para o Brasil pelos Jesuítas, por volta de 1600.

A festa é encerrada com a queima de fogos pirotécnicos e os cavaleiros se despedem do público acenando lenços brancos simbolizando a paz.

 Seguimos, então, para a Pousada Capão da Coruja, Estrada do Caraça, km4 e elas estão para todo lado. Um local tranquilo, colorido, que transmite uma enorme alegria e aconchego.  www.pousadacapaodacoruja.com.br

A Pousada pertence aos descendentes do antigo proprietário da Fazenda Bocaina, Mário Campos Ferreira. E seu nome foi escolhido em homenagem a ele, que usava essa expressão em referência a pessoas talentosas.

>>>05/09/2022, comemorando meus 65 anos no Santuário do Caraça. Só agradecimentos a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.<<<

O Santuário do Caraça fundado, em 1774, para ser uma Casa de Hospedagem para a acolhida de peregrinos e visitantes, que quisessem, principalmente, se converter e mudar os rumos de sua vida, foi reativado como pousada a partir da década de 1970, depois de 150 anos dedicados à educação e à formação intelectual de meninos e de seminaristas.

Situada nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, com 11.233 hectares, é uma propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão.

O Caraça – como comumente é chamado – é um “centro de espiritualidade e missão, de cultura e educação, de conservação ambiental, lazer e turismo.”

“Em 1820, quando o Colégio foi fundado, suas instalações eram as construções deixadas pelo Irmão Lourenço: a pequena Ermida e os dois prédios, um de cada lado da capela, com seis janelas cada um. O lado direito era reservado aos padres, como antes era reservado para a comunidade dos eremitas, companheiros do Irmão Lourenço, e o esquerdo para as acomodações dos alunos, onde antes eram acolhidos os peregrinos e devotos de Nossa Senhora Mãe dos Homens.

Com o aumento do número de alunos, por volta de 1930, outros salões foram construídos do lado esquerdo, na direção do Calvário, aumentando o prédio para 11 janelas. Em 1870, o lado direito recebeu o mesmo acréscimo. 

Em 1871, dada a quantidade de alunos esperados, iniciou-se a construção do prédio que foi incendiado. Antes ainda da Igreja Neogótica, construíram um prédio de três andares, terminado em 1875. É a parte que não existe mais.

Depois da construção da Igreja, construíram, entre 1885 e 1890, a outra parte do prédio, também para as instalações do Colégio. É est parte restaurada que abriga hoje o Museu, a Biblioteca e um Salão de Convenções. Tendo ficado um pouco mais alta que a primeira parte construída, uma reforma em 1940 no dormitório dos alunos igualou todo o prédio.”

 

“O Caraça foi um grande colégio, cuja fundação data de 1820. Foi colégio imperial: desde 1824, no seu frontispício, estavam esculpidas e, nos seus prospectos, impressas, as armas imperiais. Era o seu glorioso nome: CASA IMPERIAL DE NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS. Foi seu fundador e primeiro superior o padre português Leandro Rebelo Peixoto e Castro, sacerdote da Congregação da Missão. (…)”

É ainda uma instituição católica, da família Vicentina, Reserva Particular do Patrimônio Natural e Reserva da Biosfera, Patrimônio Cultural do Brasil, com tombamentos federal, estadual e municipal, uma das 7 Maravilhas da Estrada Real. Como Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça responde, praticamente, por 51% das Reservas Particulares do Estado de Minas Gerais.

No Conjunto Arquitetônico estão a Igreja neogótica, que liga as duas alas laterais do antigo prédio de dois andares, em estilo barroco, o Claustro, as Catacumbas e o Jardim, as ruínas do antigo colégio, hoje Museu e Biblioteca, e a pousada.

>>>A visita ao Museu e Biblioteca precisa ser agendada na recepção, onde também será paga a Taxa de Visitação.<<<

Na área de manejo estão localizadas a Fazenda do Engenho, o Buraco da Boiada, a Fazenda do Capivari.

A visitação pode ser feita de segunda a segunda, das 8 às 17 horas, sendo que o último horário de entrada é as 15 horas.

As missas no Complexo Santuário do Caraça são celebradas no Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de 2ª a sábado, às 18 horas para os hóspedes e domingos às 11 horas da manhã para o público em geral.

A devoção à Nossa Senhora Mãe dos Homens remonta ao Convento de São Francisco das Chagas, no bairro de Xabregas, em Lisboa, Portugal, chegando ao Brasil depois do século XVIII, devido à fuga de um devoto conhecido como Irmão Lourenço, fortemente perseguido pelo Marquês de Pombal à sua família Távora.

No Brasil, a reverência de Nossa Senhora Mãe dos Homens deu origem a Irmandade de Nossa Senhora Mãe dos Homens, bem como a igrejas de grande valor cultural e histórico, referentes à história do Brasil no período colonial e imperial.

No Brasil, o irmão Lourenço adquiriu terras na Serra do Caraça, onde fundou o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens.

Oração a Nossa Senhora Mãe dos Homens / Virgem Imaculada, Mãe de Deus, Vós, que inflamada de amor, cooperaste com o Vosso Filho Jesus no ministério da redenção e recebestes de seus lábios, no calvário, a missão de Mãe dos Homens, protegei, benigna, estes vossos filhos que, atraídos pela vossa maternal bondade, se consagram ao vosso amor e serviço no Santuário que se gloria deste dulcíssimo título. Sede, em todo tempo e lugar, a guia segura dos nossos passos, para que nos conservemos sempre fiéis às promessas que fizemos ao pé do vosso altar, trilhando o caminho que conduz à salvação e à glória. Assim seja. Amém!

Para quem visita o Santuário do Caraça, o Centro de Visitantes é a opção para iniciar o passeio, onde se assistirá um vídeo que proporcionará uma visão e entendimento geral da história e ações do Santuário, que recebe, em média, 70 mil visitantes por ano.

São muitos os pontos que podem ser visitados: Cascatinha, Cascatona, Oratório da Cascatona, Mirante da Piscina, Cruzeiro, Capelinha do Coração de Jesus, Bocaina, Tanque Grande, Pinheiros, Taboões, Banho de Belchior, Banho do Imperador, Ponte do Bode, Pico da Carapuça, Pico da Canjerana, Pico do Sol, Pico Três Irmãos, Pico do Inficionado, Pico da Conceição, Campo de Fora. Em cada caminhada/trilha, um espetáculo da natureza se harmoniza com a maravilha da Criação.

Outra opção de hospedagem que o Complexo oferece é a Fazenda do Engenho, uma área de atividade agropecuária, cuja produção de leite e queijo, de hortifrutigranjeiros e animais de pequeno porte tem o Santuário como principal destinatário.

A Fazenda é uma pousada autônoma, com alas de apartamentos com banheiros individuais, chuveiros com aquecimento solar e a água da casa, de mina própria, é potável em qualquer das torneiras.

A Igreja ocupa o lugar exato onde estava a ermida original do Irmão Lourenço. Da primitiva capela, foram conservados os dois altares que estão à direita e à esquerda de quem entra na Igreja.

Segundo o Padre Lauro Palú, no dia 07 de setembro de cada ano, ao por do sol, os raios gloriosos vão iluminar diretamente o sacrário numa homenagem do sol ao Criador de todas as coisas.

 

 

 

 

 

 

 

O pátio em frente à Igreja foi o antigo cemitério (de 1779 a 1876), a partir dai, os mortos foram enterrados nas catacumbas debaixo da Igreja.

Logo que se entra na igreja, há dois altares barrocos, um do lado direito, outro do lado esquerdo, ambos pintados pelo Mestre Ataíde. A imagem de Nossa Senhora das Dores pertencia à antiga ermida do Irmão Lourenço.

 

Na restauração da imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens, feita no final da década de 1990, numa fenda do dorso da imagem, o técnico Gilson Felipe Nogueira encontrou uma relíquia do século XVIII  ou do princípio do XIX, a oração de um Alexandre, que se diz escravo de Nossa Senhora e, cujo texto, atualizado na ortografia, transcrevemos abaixo:

“Ó Maria Santíssima, Mãe da Misericórdia e dos pecadores, aqui está a vossos pés o menor de todos e o mais indigno filho – Alexandre – escravo vosso. Lançai, minha mãe e Senhora, sobre a alma deste enorme pecador, a vossa santíssima benção e ponde-me os vossos piíssimos olhos e intercedei por nós a vosso Santíssimo Filho, meu Deus de Amor e Misericórdia.”

Santa Ceia pintada pelo Mestre Ataíde, em 1828, sua obra mais importante em tela, menor que outras em madeira ou como alguns tetos de igrejas, mas colossal sobretudo como valor artístico e histórico.

 

“Na madrugada de 28 de maio de 1968, um fogareiro usado para derreter cola na encadernação provocou um incêndio no prédio do Colégio do Caraça. Às três horas da madrugada, um aluno que dormia na enfermaria acordou sentindo forte cheiro de fumaça. Ao levantar constatou, Fogo! Chamou os colegas e apertou o alarme. Atenção, disse, acorde, fogo na encadernação! Os padres, irmãos, alunos e colaboradores inclusive as sampaias (senhoras colaboradoras, residentes no Caraça), correram em socorro ao patrimônio. Nesta época, o colégio contava com 90 alunos que dormiam no prédio. Alguns demoraram a se levantar. O Padre Silvio, fez uma oração a Nossa Senhora, pedindo para que salvasse pelo menos a vida dos noventa jovens sob a sua responsabilidade. Cobertores, lençóis e até carrinho da horta foram utilizados para salvar o precioso acervo da Biblioteca. Dos mais de 50 mil volumes, conseguiram salvar uns 15 mil, principalmente, as Obras do Século XVI a XVIII. Ao amanhecer do dia, o Corpo de Bombeiros chega de Belo Horizonte, com muita dificuldade e os carros pesados custaram subir a Serra, a estrada ainda era de terra. Depois de algumas escavações, descobriram o fogareiro no meio dos escombros, esclarecendo o motivo de incêndio. Os alunos, padres e irmãos se foram. Fecha o Colégio.

Os padres não mediram esforços para dar um rumo ao grande patrimônio, praticamente sem utilização. Já no início dos anos 70, começam os preparativos para a festa do bicentenário. Com o apoio da Associação dos Ex-alunos Lazaristas e Amigos do Caraça, tiveram início algumas festividades, que trouxeram à tona o interesse pelo ‘velho’ Caraça. No final dos anos 80, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico/MG, foi encarregado de refazer os projetos de restauração do Caraça. Em 18/04/1990, inauguração do prédio restaurado, onde funcionaria o Museu, a Biblioteca e o Auditório.”

 

Nossa  visita ao Caraça foi uma visita guiada, nosso guia, extremamente bem preparado e conhecedor do Santuário, de sua história, de suas artes foi o Sr. Sebastião Fonseca e Silva, muito bem escolhido no site do Caraça. telefone/whatsapp (31) 99202-4847

Saímos do Caraça, acompanhados pelo Guia, e fomos fazer uma visita ao Município de Santa Bárbara, cuja origem remonta ao período da exploração do ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII. O bandeirante paulista Antônio Silva Bueno, explorando as margens do ribeirão existente nas fraldas da Serra do Caraça, encontrou ali ricas minas de ouro. Conforme registro no calendário litúrgico, ele chegou a Santa Bárbara em 04/12/1704, dia de Santa Bárbara, por isto batizando o ribeirão com esse nome.

As minas descobertas pelo bandeirante, às margens do ribeirão, eram muito ricas e, por isso, despertaram a ambição de outros aventureiros mineradores. Estes, na esperança de enriquecer, vieram morar na região. E foi assim que começou o Arraial de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara. Santo Antônio em razão desse ser o padroeiro dos bandeirantes. Logo uma capela foi erguida.

Já na segunda metade do século XVII, as reservas de ouro de aluvião, aquele encontrado no vale dos rios, começaram a se esgotar, em razão da superexploração e, com isso, veio um período de decadência e as alternativas para sobreviver passaram a ser as culturas de subsistência e a criação de gado. E, assim, nos primeiros anos do século XIX, as atividades de mineração quase não existiam mais. O povoado, ruas e residências, tinha aspecto de abandono.

O arraial superou a fase ruim e, em 1839, foi transformado em Vila. Tudo evoluiu e, em 1858, a Vila foi elevada à categoria de Cidade.

Em 1861, os ingleses organizaram a Santa Bárbara Mining Company, para assim, reativar a mineração do ouro que, contudo, a mineração não evoluiu, mas o município continuou a se desenvolver, configurando uma sociedade de classe média rural de pequenas fortunas dos pequenos negócios.

Filho de Santa Bárbara, Affonso Pena, representante típico das elites de Minas Gerais, chega a Presidência da República, no período de 1906 a 1909.

Um sopro de dinamismo percorre a cidade e, em 1911, foi inaugurada a estação ferroviária da estrada de Ferro Central do Brasil, aí consolidando o processo econômico. E, com o trem, chega o telégrafo. A cidade floresceu e se tornou referência econômica da região.

Até 1950, quase nada havia mudado na cidade. Somente nos anos 60 é que a economia de Santa Bárbara começou a sofrer alterações, com a ativação da exploração do minério de ferro e a produção de maior quantidade de carvão vegetal; a silvicultura foi impulsionada.

fonte: santabarbara.mg.gov.br

Fica localizada na parte baixa de uma avenida que começa na Igreja do Rosário, em frente a uma pequena praça, no Centro Histórico da cidade. Sua fachada é típica da época em que foi erguida, primeira metade do século XVIII. Uma das obras mais apreciadas é a pintura no forro da nave da Igreja, intitulada Assunção da Virgem Maria, atribuída ao Mestre Ataíde, que ainda colaborou com o retábulo rococó, além de painéis ao estilo português contando a vida de Abraão, personagem bíblico.

Na sequência visitamos o Museu Antoniano. >>>

 

Como previsto pela legislação do Império, a construção da Casa de Câmara e Cadeia de Santa Bárbara teve início, provavelmente, pouco depois da elevação do Arraial a Vila, em 1839, tendo sua conclusão ocorrido no início dos anos 1840, com a Câmara funcionando no segundo piso e a Cadeia no primeiro. Era comum a cena de presos pedindo esmolas e conversando com os transeuntes pelas grades das janelas.

Em 1900, a Câmara foi transferida para outro prédio e o antigo edifício passou a servir apenas como cadeia municipal até 1999. Por ocasião da transferência dos presos para outra cadeia, alguns detentos se rebelaram e atearam fogo no edifício que ficou arruinado. O prédio ficou então abandonado até 2010/2011, quando foi restaurado.

Ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. >>>

Para encerrar nossa visita, fomos a Estação Ferroviária de Santa Bárbara, inaugurada em 1912, responsável pelo crescimento da região no início do século XX.

E de volta ao hotel, uma carinhosa surpresa, o Parabéns pelos meus 65 anos com direito a um bolo lindo e saboroso. 

06/09/2022, seguimos viagem, passando e parando para uma visita a Mina da Passagem, a maior Mina de Ouro aberta a visitação no mundo. Localizada entre Mariana e Ouro Preto, a visita permitiu visualizar o que lemos sobre a exploração do ouro em Minas Gerais e a perigosa tarefa diária de procurar ouro no interior das montanhas mineiras, numa viagem ao passado, voltando, assim, na história.

O Ciclo do Ouro iniciou-se em 1695 e findou por volta de 1800, quando o ouro passou a ocupar um plano secundário na economia nacional. Durante este período, a produção de ouro da capitania de Minas Gerais, praticamente Ouro Preto e Mariana, contribuiu com 50% do ouro produzido no período.

Os bandeirantes entregavam-se de corpo e alma à procura dos metais e das pedras preciosas, embrenhando-se pelos sertões. Nos fins do século XVII, por volta de 1695, uma das bandeiras encontrou, a algumas léguas de Ouro Preto, uma série de granitos cor de aço, que mais tarde, quando examinados, verificaram tratar-se de finíssimo ouro. A notícia espalhou-se por toda a parte da colônia e a partir de 1697 se estabeleceu um ‘rush’, que se avolumou nos anos subsequentes.

Durante este período se instalaram dois grupos mineiros, que viriam a constituir as povoações de Mariana e Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto. Apesar da pouca distância que as separava, ignoraram-se por longo tempo. Porém, as águas turvas do Ribeirão do Carmo mostravam para os habitantes de Mariana que, rio acima existia uma outra cidade. Na ânsia de manter contato com elementos civilizados, subiram o Ribeirão do Carmo. Em 1719 surgia então a Vila da Passagem, entre as duas cidades. Durante essa época, os mineiros que iam subindo o rio descobriram o ouro primário de Passagem.

Com a descoberta e abundância do ouro, no período de 1729 a 1756 fluiu para a área um grande número de elementos que passaram a explorar as jazidas concentradas no morro de Santo Antônio. Os trabalhos eram realizados a céu aberto e/ou por meio de pequenos serviços subterrâneos que, geralmente, paravam quando era atingido o lençol freático. Lavrava-se e recuperava-se, então, apenas o ouro contido nos itabiritos, na jacutinga e na canga ferro-aurífera. A mão de obra era totalmente escrava e estima-se que, em certa época, cerca de 35 mil escravos povoaram as senzalas do morro Santo Antônio.

Data do século XVIII a descoberta do ouro em Passagem. Os bandeirantes percorreram os veios d’água da bacia do rio Doce e atingiram o Ribeirão do Carmo, no qual localizaram ouro aluvionar abundante. Subindo o ribeirão, em típica prospecção por bateia, descobriram em 1719 as jazidas primárias de Passagem. De 1729 a 1756 vários mineiros obtiveram concessões para a exploração das jazidas. Com o passar dos anos, reduziram-se a poucos proprietários, os quais transferiram a mina, a 12 de março de 1819, ao Barão von Eschwege.

Os trabalhos até então se concentravam no morro Santo Antônio e eram executados por mão de obra servil, a céu aberto ou mediante pequenos serviços subterrâneos. As ruínas ainda existentes testemunham este remoto passado. Eschwege formou a primeira empresa mineradora do Brasil, sob o nome de Sociedade Mineralógica de Passagem. Construiu o engenho, com dez pilões californianos, e estabeleceu o primeiro plano de lavra subterrânea. Somente após o ano de 1800 é que se descobriu ouro nos quartzitos, nos xistos grafitosos e nos dolomitos, dando novo rumo a exploração das jazidas.

Após anos de prosperidade, o Barão von Eschwege, atraído por novas atividades na pioneira siderurgia, desinteressou-se da mineração de ouro. Os direitos minerários da Mina da Passagem passaram, a 1º de junho de 1859, às mãos do inglês Thomas Bawden que constituiu a Anglo Brazilian Gold Mining Company, uma sociedade de propósito específico, juntamente com o também experiente inglês, capitão Thomaz Treloar. Esta empresa adquiriu diversas concessões vizinhas, como Paredão e Mata Cavalos, e trabalhou nas jazidas de 1864 à 1873. Em 26 de novembro de 1873, a Anglo Brazilian Gold foi encampada pela The Ouro Preto Gold Mines of Brazil Limited.

A nova empresa operou com grande sucesso até março de 1927, quando foi vendida ao grupo Ferreira Guimarães (banqueiros de Minas Gerais), em maio do mesmo ano. Foi constituída assim a atual Companhia Minas da Passagem, que operou regularmente até 1954. A conjuntura inflacionária, a falta de capital, o preço irreal do ouro e a obrigatoriedade de toda a produção ser vendida ao Banco do Brasil tornavam a lavra economicamente inviável. 

Em outubro de 1976, a Cia Minas da Passagem foi adquirida pelo atual grupo controlador, que diversificou os negócios da empresa. Uma das novas atividades criadas foi a visitação turística à Mina do Fundão (parte do complexo mineiro conhecido como Minas da Passagem), em 1979, revelando-se um sucesso e funcionando ininterruptamente até a data presente.

fonte: mariana.minasdapassagem.com.br

 

A descida para as galerias subterrâneas se faz através de um trolley, pequeno vagão usado pelos mineiros daquela época, num passeio por mais de 120 m de profundidade, puxado por um cabo de aço através de um motor de ar comprimido, por 315 m de trilhos, onde se vê um maravilhoso e inimaginável lago natural. Uma vez lá embaixo, é possível caminhar pelas galerias e cavidades de onde o ouro era extraído. A temperatura é estável entre 17 a 20 graus.

Ponto de encontro de mergulhadores de cavernas no Brasil.  Desse deck é possível acessar 3 túneis distintos que levam às partes mais profundas e distantes da mina. O lago tem 8 metros, mergulhos mais profundos a 74 metros e fundo da mina a 240 metros.

Um pequeno museu, muito mal tratado, fica próximo a entrada da mina. Aliás, embora muito interessante, todo o espaço continua explorado e muito mal cuidado.

De 2ª a 6ª feira, das 9 às 16 horas; sábados, domingos e feriados, das 9 às 17 horas; um passeio de aproximadamente 45 minutos. (31)3557-5000 / (31) 3557-5001 / www.minasdapassagem.com.br

 Após esta visita, Ouro Preto nos esperava. Nos hospedamos no Hotel Solar das Lajes, situado num belo edifício colonial do século XVII, parte do patrimônio tombado pela UNESCO, integrante do famoso conjunto arquitetônico conhecido como Castelo dos Nobres.

Ouro Preto é uma cidade histórica do século XVIII, perfeitamente preservada, encravada nas montanhas do interior de Minas Gerais, um dos maiores tesouros mundiais de arquitetura barroca tombada como Patrimônio Nacional. Em 1993, Ouro Preto foi considerada Monumento Nacional e, em 1980, veio o reconhecimento internacional: a cidade foi declarada pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade.

Tão logo nos acomodamos, fomos almoçar no Restaurante Conto de Réis, um casarão construído no século XVIII, em 1772, aproximadamente, por um português abastado, que possuía grande número de escravos e minas de extração de ouro. Na parte superior do prédio, moravam os donos e na parte térrea, dormiam os escravos. Atualmente, o restaurante ocupa a parte térrea do prédio. Entre os dois pilares de sustentação, um sino indicava aos escravos a hora da refeição. Recentemente, foram descobertos tetos com pinturas antigas, de autor ainda desconhecido.

Depois de um almoço saboroso, num ambiente agradável, seguimos para o Centro Histórico e fomos visitar o Museu da Inconfidência., Praça Tiradentes, 139 – de 3ª feira a domingo, das 10 às 18 horas (acesso até as 17 horas), entrada franca.

No Centro Histórico destacam-se edifícios como o antigo Palácio dos Governadores, a antiga Casa da Câmara e Cadeia, a Casa dos Contos, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar e a Igreja de S. Francisco de Assis.

 

 

Numa época em que o resgate da memória brasilei ra começa va a se tornar prioridade, tanto para o governo quanto para intelec tuais, meados da década de 30, o local para depósito das relíquias dos partici pantes da Inconfi dência que puderam ser exumadas e trazidas de volta ao Brasil, só poderia ser Ouro Preto.

 

Um dos salões do prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, que funcionou ainda como penitenciária estadual, abrigou o Panteão dos Inconfidentes, inaugurado em 21 de abril de 1942, por ocasião do transcurso do 150º aniversário da sentença condenatória dos Inconfidentes. Posteriormente, foi criado o Museu da Inconfidência, completando a ocupação do restante do imóvel. Em 1944, as reformas para a adaptação do edifício à sua nova função foram concluídas e o Museu inaugurado.

Em 1788, militares, eclesiásticos e intelectuais passaram a se reunir projetando um movimento que deveria libertar a Colônia do julgo de Portugal. A derrama, imposto que o povo seria forçado a cobrir caso as 100 arrobas anuais devidas à Coroa não fossem atingidas, era esperada para fevereiro de 1789, o que representaria muito para a rebelião, uma vez que faria emergir o latente descontentamento popular.

A suspensão da derrama pelo governador Visconde de Barbacena, não foi acompanhada pela suspensão da dívida dos abastados contratantes para com a Junta da Fazenda. Joaquim Silvério dos Reis, grande devedor da Real Fazenda, viu na denúncia da conspiração a oportunidade de ser perdoado do seu débito, o que viria a ser a primeira delação premiada da nossa história. A delação verbal ocorreu em meados de março de 1789 e a escrita, em abril. Ao tomar conhecimento dela no Rio de Janeiro, o Vice-Rei resolveu promover uma investigação oficial e, em 7 de maio, foi aberta devassa para a apuração dos fatos.

A conclusão do processo se deu em 1792 e a execução de Joaquim Jose da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado o maior responsável pela conspiração, se deu no dia 21 de abril daquele ano. Outros inconfidentes, tidos como cabeças do movimento, foram degredados para a África e os réus eclesiásticos permaneceram reclusos por quatro anos na Fortaleza de São Julião, seguindo depois para conventos portugueses.

O acervo do Museu da Inconfidência reúne objetos e importantes documentos, como os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, mobiliário e utensílios portugueses de época, retratos imperiais e reais. Em sala especial, o Panteão dos Inconfidentes encontram-se os despojos dos inconfidentes.

O Museu tem importante coleção de arte barroca, com oratórios, esculturas de madeira talhada e policromada, presépios e retábulos dos séculos XVIII e XIX.

Curiosas as duas telas acima: “A Morte do Justo” e “A Morte do Pecador”, na hora da morte os justos seguirão os emissários do Bem e os pecadores os emissários do Mal.

Quanto a imagem de São Jorge, acima, esculpida entre 1797 e 1803, foi encomendada pela Câmara de Vila Rica para ser conduzida a cavalo na procissão de Corpus Christi, tradição implantada em Portugal por Dom João I. A sela ao lado fazia parte da montaria. São Jorge, santo da Igreja Grega, militar, morreu martirizado na Palestina. A partir das Cruzadas, seu culto se intensifica no combate às heresias contra o Catolicismo.

E na sequência uma visita a Igreja São Francisco de Assis, Largo de Coimbra, construção iniciada em 1766, pela Ordem Terceira de São Francisco0 de Assis, a primeira ordem terceira criada em Ouro Preto (1745). Projeto de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho; no altar-mor e no teto da nave central pintura que representa a glorificação de Nossa Senhora pelo mestre Manuel da Costa Ataíde; na porta principal escultura em pedra-sabão do coroamento e lavabo na sacristia, ambos esculpidos por Aleijadinho.

Na pedra-sabão, Aleijadinho realizou obras de frágil beleza, como as portadas da Igreja de São Francisco de Assis e da Igreja do Carmo e as monumentais, como os Profetas de Congonhas do Campo.

Em 2009 foi eleita uma das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, em concurso realizado com objetivo de divulgar o legado da Expansão Portuguesa no Mundo.

A peça mais antiga é do século XVII. “Essa imagem é muito valiosa, esculpida em madeira e tem mais de 200 anos. As imagens antigas de São Francisco são sempre dele com o evangelho, a cruz ou com uma caveira, lembrando que Francisco de Assis não via a morte como uma inimiga”.

>>> Aleijadinho nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, em 1737, filho do arquiteto e mestre de obras português, Manuel Francisco Lisboa, que trabalhou na construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto e de Izabel, preta forra. Foi vítima de uma enfermidade que o deformou aos 39 anos, o que não o impediu de continuar a esculpir com perfeição, como comprovam os Passos e os Profetas em Congonhas do Campo.

Para o Dr. Geraldo Barroso de Carvalho, “Antônio Francisco Lisboa, aleijado e mutilado, sublimou, com sua enorme produção de arte, os seus sofrimentos e as suas angústias”.

Coube à Igreja de São Francisco de Assis o privilégio de receber as primícias da genialidade de Antônio Francisco Lisboa na área da arquitetura.

Aleijadinho tinha, por parte de pai, um irmão sacerdote, o Padre Felix Francisco Lisboa, daí sendo possível que tenha aprendido latim e conhecimentos bíblicos, que soube tão bem utilizar em suas obras.

Segundo Oswald de Andrade “as obras imortais do Aleijadinho são como uma bíblia de pedra sabão, banhada no ouro das Minas”.

Começou atuando junto ao pai e outros grandes mestres, vindos de Portugal e das colônias portuguesas, da arquitetura, da marcenaria e da talha que, certamente, tiveram influência na sua formação artística.

Faleceu aos 76 anos, tendo sido sepultado, a seu pedido, aos pés do altar de Nossa Senhora da Boa Morte, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, atual Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição

>>> Quanto a Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde, pintor, filho do Capitão português, Luís da Costa Ataíde e de Maria Barbosa de Abreu, nascido em Mariana em 1762 e falecido em 1830, sendo sepultado na Igreja da Irmandade de São Francisco da Penitência, também em Mariana. Um dos precursores de uma arte genuinamente brasileira, o maior representante da pintura do Brasil Colonial, devidamente alinhada com as grandes tendências da Europa, de onde vinham todas as referências visuais e conceituais da arte colonial brasileira, tendências que se aglutinaram no que se convencionou chamar de estilo barroco. 

O Mestre Ataíde é, usualmente, mais lembrado pela pintura de tetos de várias igrejas e capelas, espalhadas pela região mineira, contudo, dedicou grande parte de sua carreira às tarefas de douramento de talhas e encarnação de estátuas, responsável pelo acabamento, em pintura, de todas as obras de escultura e de entalhe que Aleijadinho realizou na Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.

Largo de Coimbra, a poucos metros do Museu da Inconfidência, local do antigo mercado da cidade e, posteriormente, da feira de pedra-sabão, o largo abriga também a casa do poeta inconfidente Tomáz Antônio Gonzaga e a Igreja de São Francisco de Assis e seus bem preservados casarões do século XVIII. No século XIX e XX o local era usado por tropeiros que vinham de longas distâncias para comercializarem seus variados produtos com os ouro-pretanos. Com o fim das atividades dos tropeiros, uma nova feira surgiu no local, produtores rurais passaram a vender seus produtos. A partir de 1980, passou a ter a feira do artesanato local e assim é até hoje.

Encerramos nossa programação do dia no Chocolate Ouro Preto.

No dia seguinte, 07/09/2022, tomamos o café da manhã, vendo ao fundo uma fanfarra, cujo som nos chegava perfeito.

Optamos por, fugindo das ladeiras, fazer uma visita a alguns pontos históricos numa jardineira dos anos 30

A primeira visita foi à Igreja Nossa Senhora do Pilar e ao Museu de Arte Sacra. O culto a Nossa Senhora do Pilar é originário da Espanha. Segundo a tradição, São Tiago Maior, incumbido de pregar a Palavra de Deus em terras Ibéricas, foi abençoado pela Virgem Maria antes de partir, dela recebendo o pedido de edificar um templo em sua homenagem, onde houvesse o maior número de conversões. Certa noite, Nossa Senhora apareceu ao Apóstolo sobre um pilar de mármore, em meio a um coro de anjos e indicou-lhe o local para construção de sua igreja, em cujo altar deveria ser colocado aquele pilar, que hoje ainda se encontra na Basílica de Saragoça.

Extraordinariamente difundida na Espanha, a invocação a Nossa Senhora do Pilar nunca foi muito popular em Portugal. Todavia, durante o período da União Ibérica (1580-1640), apareceram no Brasil várias invocações marianas de origem espanhola, entre elas a de Nossa Senhora do Pilar, que foram gradativamente penetrando no interior brasileiro, através de imagens transportadas nos oratórios das expedições exploratórias.

A imagem exposta constitui-se na precursora das representações de Nossa Senhora do Pilar, em Minas Gerais, tendo chegado a região provavelmente na Bandeira de Bartolomeu Bueno. Para abrigá-la levantou-se uma pequena ermida, posteriormente substituída pela atual Matriz de Nossa Senhora do Pilar, inaugurada em 1733. Nesta ocasião, a imagem da padroeira, acompanhando o Santíssimo Sacramento, foi solenemente reconduzida a seu novo templo, na procissão do Triunfo Eucarístico.

Furtada em 1938, a imagem foi encontrada no Rio de Janeiro, em 1955.

As pompas fúnebres, decorrentes do falecimento de Dom João V, promovidas pelas Câmaras das principais Vilas, tiveram esculturas reaproveitadas na Matriz de Nossa Senhora do Pilar que simbolizam as principais virtudes: Fé, Justiça, Prudência e Caridade, representadas como elogio às qualidades do monarca, declaradamente devoto e pródigo nos gastos com a edificação de templos e conventos.

O Museu de Arte Sacra de Ouro Preto foi inaugurado em 2000 e está localizado na cripta da Basílica Menor de Nossa Senhora do Pilar, que é um espaço sob a sacristia, encontrado durante a última reforma e onde, acredita-se, funcionava uma mina de ouro. São cerca de 400 peças produzidas entre os séculos XVII e XIX, abrangendo a história da antiga Vila Rica durante o período áureo da mineração do ouro. São imagens santas, resplendores, banquetas, documentos e até vestimentas dos moradores da época. 

Visitação de 3ª feira a domingo, das 9 às 10:45 horas e das 12 às 16:45 horas

 

 

CAPELA DOS PASSOS >>>>>