M U L H O U S E

O dia teve início com nosso embarque no trem da Basiléia (Suíça) com destino à Mulhouse Ville, saindo de Basel, passando pelas estações St. Johann, St. Louis, St. Louis la Chaussée, Bartenheim, Sierentz, Habsheim, Rixheim e, por fim, Moulhouse.

 

 

Mulhouse fica na França, na região fronteiriça da Alsácia, ao longo do Rio Reno, e nele encostada e que viu suas fronteiras mudarem muitas vezes. Os sobressaltos da história fizeram que conservasse uma tradição regional muito forte.

A Alsácia-Lorena (Alsace-Lorraine) é um território de população germânica, originalmente pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico*, tomado por Luís XIV da França depois da Paz de Vestfália, em 1648, que pois fim à Guerra dos 30 anos, mas devolvido pela França ao Império Alemão, conforme o Tratado de Frankfurt, em 1871, que encerrou a Guerra Franco-Prussiana. Retomado pela França após a Primeira Guerra Mundial, nos termos do Tratado de Versalhes, de 1919. Anexado pelo Terceiro Reich alemão, em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial e mais uma vez retomado pela França em 1945.

 

* segundo Voltaire, o Sacro Império Romano-Germânico não era sacro, nem romano, nem império. Só germânico.
O território é atualmente chamado Alsácia-Mosela e compreende os departamentos do Alto e do Baixo Reno (formando a Alsácia) e o departamento da Mosela (parte oriental da Lorena).

 

Uma piada local diz que os alsacianos guardam as placas de rua alemãs no porão, caso voltem a ser necessárias.

A cegonha é o símbolo da região, vista nos desenhos do artista local mais famoso, Jean-Jacques Waltz, mais conhecido como Hansi (1873-1951).

 

http://www.region-alsace.eu/ (Le Journal d’Information sur l’Action du Conseil Régional d’Alsace)

O Rio Reno tem 1320 km, atravessa a Europa de sul a norte, desaguando no Mar do Norte, muito usado para o transporte e o comércio. Nasce nos Alpes, no leste da Suíça, atravessando seis países: Suíça, Áustria, Liechtenstein, Alemanha, França e Países Baixos, constituindo-se na fronteira natural entre a Suíça e o Leichtenstein, entre a Alemanha e a Suíça e entre a Alemanha e a França. Seu nome, de origem celta, significa “fluir”. Desde 1868, o Reno é considerado região de “águas internacionais”, sendo a sede da Comissão Central pela Navegação do Reno em Estrasburgo, fundada em 1815, a mais antiga organização internacional.

“Il y a toute l’histoire de l’Europe (…) dans ce fleuve des guerriers et des penseurs, dans cette vague superbe qui fait bondir la France, dans ce murmure profond qui fait rêver l’Allemagne. Le Rhin réunit tout”. Le Rhin, Victor Hugo, 1842.

 

“Toda a história da Europa (…) está resumida neste rio de guerreiros e de pensadores, nesta onda imensa que sacode a França, neste murmúrio profundo que faz sonhar a Alemanha. O Reno reúne tudo.” Le Rhin, Victor Hugo, 1842.

 

Fotos antigas e atuais dos mesmos lugares revelam quão pequena foram as mudanças e como a preservação histórica se faz presente na moderna Europa

 

Assim é Mulhouse, cujo nome tem origem no alemão Mühlhausen (moinhos), pois as primeiras instalações sedentárias foram moinhos construídos à beira dos dois rios que banham a cidade, o Doller e o Ill, ambos afluentes do Reno. O símbolo da cidade é, naturalmente, uma roda de moinho.

 

O Rio Doller, com 46,5 km, é um rio francês que irriga o Vale Doller e deságua no Rio Ill nas proximidades de Mulhouse.

 

Mulhouse foi uma república germânica independente até sua anexação à França em 04 de janeiro de 1798.

 

Seu desenvolvimento foi estimulado pela expansão da indústria têxtil e pelas indústrias químicas e mecânicas a partir de meados do século XVIII. A implantação de um centro de produção automobilístico ocorreu em 1962 (Peugeot).

 

É a maior comuna do departamento francês do Haut-Rhin e a segunda da região da Alsácia, sendo a primeira Estrasburgo.
Mulhouse fica a aproximadamente 30 km ao norte da Basiléia, na Suíça.

 

Chegamos na Gare Ville SNCF de Mulhouse, Avenue du General Leclerc.

 

O que nos trouxe a Basiléia foi Mulhouse e o que nos trouxe a Mulhouse foi o fato de nela ter nascido o bisavô de meu marido, Joseph Grumbach, em 10/01/1841, às 19:30 horas, na “Maison Engel”, na Rue des Tanneurs, 436, residência de seus pais, tendo sido testemunhas: Samuel Dreyfus, nascido em 1809, residente em Mulhouse, negociante e Elie Dreyfus, nascido em 1804, tio do recém-nascido, residente em Mulhouse, comerciante.

 

Estas informações foram extraídas do Extrato do Registro dos Termos de Nascimento da Cidade de Mulhouse, ano de 1841, em papel portando o Selo Imperial da França, Prefeitura de Mulhouse, Haut-Rhin, termo visto e legalizado pelo Presidente do Tribunal Civil de 1ª Instância de Altkirch.

As fotos a seguir são da Rue des Tanneurs.

 

 

 

Joseph Grumbach era filho de Léopold Grumbach, nascido em 1801, natural de Pfastatt, Haut-Rhin, residente em Mulhouse, comerciante & de Rosette Bloch, nascida em 1800 e teria tido um irmão, Léopold Grumbach.

 

Tem-se Registro de Matrícula dos Franceses na Chancelaria do Consulado da França no Rio de Janeiro, às folhas 164, de Joseph Grumbach, então residente no Rio de Janeiro, onde exercia a profissão de negociante, expedido em 10/06/1872, aos 31 anos, optando pela nacionalidade francesa.

 

Tem-se, ainda, Passaporte emitido pelo Consulado da França no Rio de Janeiro e legalizado pela Secretaria da Polícia da Corte, solicitando às autoridades civis e militares para que deixassem passar livremente o Sr. Joseph Grumbach, negociante, natural de Mulhouse, Alsácia, residente no Rio de Janeiro, em viagem para Buenos Aires, e, ainda, que lhe dessem ajuda e proteção, em caso de necessidade, datado de 27/07/1886, aos 46 anos de idade.

 

Joseph Grumbach viajava, nesta oportunidade, acompanhado de sua esposa Léonie Girault Grumbach, nascida em 16/08/1850, natural de St. Firmin-des-Bois, Loiret, filha de Theophilo Girault e Madlaine Girault.

 

Léonie Girault teria uma irmã gêmea, que teria se casado com um árabe, indo morar no Marrocos.

 

Esta nossa visita a Mulhouse foi planejada, mas sua data não, 6º ano do falecimento do pai de meu marido, neto de Joseph Grumbach, do que só nos demos conta posteriormente. E como o acaso não existe …
A cidade baixa era, antigamente, o bairro dos mercadores e artesãos. Desenvolveu-se ao redor da Praça da Reunião (Place de la Réunion), assim chamada em comemoração à união da cidade à França.

 

 

O prédio da prefeitura, Hôtel de Ville, tem estilo renascentista renano e data de 1553. Suas pinturas e alegorias representam os vícios e as virtudes. As pinturas da Sala do Conselho representam os brasões dos cantões suíços com os quais a cidade era aliada, sendo comum a utilização de afrescos dos cantões suíços para embelezar as casas da cidade. Neste prédio, o Musée Historique de Mulhouse.

 

Vendo-o, Montaigne o qualificou em 1580 de “palais magnifique et tout doré” (palácio magnífico e todo dourado

 

Mulhouse, capitale européenne des musées techniques.

 

Fontaine du Hallebardier

 

 

Outro monumento histórico é o Temple Sainte-Etienne.

 

Sem dúvida alguma, a maior emoção ficou por conta de nossa caminhada pela Rue des Tanneurs, buscando identificar aquele que teria sido o endereço da residência dos “Grumbach”, a “Maison Engel”. Temos nossa impressão a este respeito, mas não a certeza, o que de nenhuma forma subtraiu emoção à esta caminhada.

 

No centro da cidade encontra-se a Torre da Europa (Torre do Belvédère) (Place de l’Europe), símbolo da cidade, terminada em 1972, com 106 metros, um prédio de 180 apartamentos que tem em seu terraço um restaurante panorâmico, que gira 360º, permitindo observar a Floresta Negra e os Alpes Suíços.

Fotos tiradas na caminhada em direção a Place de l’Europe.

 

 

Fotos tiradas na Place de l’Europe e da Torre da Europa.

 

 

 

Outras fotos retornando em direção à Gare.

 

 

 

 

 

 

 

Voltamos à Gare. Nosso destino ? A Basiléia.

 

Foi um dia especialíssimo, dentre dias já tão especiais. Emoções à flor da pele, numa reverência extremamente carinhosa aos ancestrais desta família, os Grumbach.

Que bom foi receber, por e-mail, em 07/08/2012, a mensagem abaixo, de nosso sobrinho !

 

‘José Maria Franco Ferreira escreveu: Silvia, estou há um tempão te devendo um agradecimento pela minuciosa e excelente pesquisa sobre nossos ancestrais : Ponce e Grumbach, adoro esse tema e gostaria de me estender mais sobre o tema quando estivermos juntos da próxima vez!! Beijo Zé’